Esse seu coração que se contorce. Só, cai na graça e descarrega tudo que sente e se maltrata feito escravo, escravo rico e reticente que corre frouxo quando a encontra e não se assume quando perto, que a reconhece bem de longe e se alonga em concreto; é rígido e quente, até ensolarado, sal adocicado que adormece num se pudesse, perdendo por pensar empossa o medo em suas cavas e sonha que já não é cego, vê tanto quanto lhes parece e perece aos poucos no incerto. Não olha por si mesmo porque não era pra ser simples, por mim só ora se for morto e só retorna se for farto, esse seu coração que sou eu mesma e não se emenda de ser torto que quando ao menos ele tenta, torna tudo tão piegas e pigarreia o seu segredo pra que não notem sua vergonha. O coração pra sempre atento: quando chegar ou dar a volta, pela brecha ou pela porta, entorta todo o seu olhar e inveja o mundo que a toca, mas em trancas de si entoca seu pensar. Esse seu coração que cospe a cisma engole a seco tudo que de mais ligeiro imaginar ele ouve a música a mesma a esmo e se ordena de amar, é mais do mesmo de um nada novo e de um sono sem acordes ou acordar; é um retrocesso é um bocejo já está cansando e se deixando pedaço aqui pedaço lá, por seu tropeço já até cômico porquanto atônito e aturdido arde de calma e inflama tonto, é tanto espaço e tanto espanto, seu coração atrai sinais que se aproveitam e se promovem, também se atrasam e significam. Eu não entendo e então recalco, capitulando as vezes que se calou. Coração em crise, que só acontece por acaso, mas endurece e vira rocha, rocha de basalto que brota reles...à esse coração serve a esse coração serve.
Kate Polladsky