Wednesday, December 03, 2008

Apenas pela tua infantilidade, criancice, suas bobagens; é que me sinto à vontade com você. Pela tua mão assim bem maior que a minha, teus dedos nada pianistas, é que me segura firme nas poucas certezas que construo a respeito de alguém. Pelo teu olhar tão distraído, nas curvas que não tenho; nos meus olhos – que você pode chamar de mundo se quiser; na minha boca inquieta, é que te confio cada palavra que digo, cada absurdo que penso, cada vão que sinto, cada perda que tenho, cada vontade mundana, cada sonho impossível. Apenas por você ser meio portal na minha vida, aonde eu vou e volto do meu universo ao seu, é que te acho liberdade. Pela simplicidade em não precisar de muito ou de pouco para você ou para mim; apenas somos digamos assim: suficientes. Dou-te o que tomo e tomas o que dou. Brincamos de mentir, mas não nos machucamos com essas mentiras. Mentimos seriedade o tempo todo! Dessa forma, você é a minha verdade doce. Minha leveza, meu eu espantoso. Meu coração que não precisa de átrios e ventrículos, pelo espaço que ocupas. Apenas pelas coisas lindas que me escreve e pelas coisas lindas que escrevo, mas que me dás de presente, é que te amo e acabo me amando também. Você é uma das garantias do que sou. Pelo menos, faz sentido pensar assim. Apenas porque não preciso pensar muito ao seu lado. Respiro e vou. Acho isso sublime, colorido, curioso e tem um gosto bom. Não sei de quê, mas tem. Porque é formal nas ligações, e totalmente deformado fora delas. Muitíssimo engraçado tuas reações aos meus surtos. Pela educação quando não precisa ser educado, porque nunca vi bailar tão bem num estacionamento vazio nem ser tão louco ao me dar as chaves do carro. Apenas por confiar e pelos bla bla bla´s jurídicos que, deus me livre. Pela capacidade sobre-humana em me compreender e eu te daria uma vida inteira de “apenas” e porquês. Mas é apenas um texto, porque eu não sou mulher de dizer. Morro de vergonha, então prefiro escrever. Simplesmente porque você às vezes me surpreende, me ama mais quando deveria me amar menos, é sonso como se nunca tivéssemos brigado, e ataca meu açaí como se fosse comê-lo. Apenas porque não faz diferença o que somos. Ser ou não ser é bem menos do que estar ou não estar com você. Pelo amor carpe diem que temos. Que deixamos amontoar-se de momentos. Pelo tempo que nos conhecemos, porque eu nasci primeiro, mas você nasceu depois pra passar o resto da vida do meu lado. Pelos desencontros – porque deus entortou as linhas do nosso destino, para escrevê-las certo depois, ainda mais contínuas. E porque coloco essas linhas nas coisas que faço, essas coisas pelas quais você é apaixonado. Sem mais porquês. Apenas porque sim! Porque amo você.


Kate Polladsky

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