Monday, December 29, 2008

O que sinto, o que penso, o que desejo - tudo um dia há de morrer.
Até nisso erro.
A espinha dorsal do meu pensamento, fossiliza-se em você.
KP
Não vou me afobar, se você voltar tão diferente. Se voltar distraidamente me errando.
Não vou me questionar se não encontrar em você as respostas, não vou me perguntar, me encher de por quês, por que iria?
Não vou sofrer por que desacelerei meus passos durante os dias, e agora quem espera por mim? Não vou deixar de cantar, porque a banda parou de tocar. Cantarei indiferente, assim mesmo.
Não vou arranhar meu ego, enquanto tentava aveludar o seu, ou o de outrem.
Não vou comprometer minha verdade, pela verdade de ninguém. Ninguém é cem por cento verdadeiro. Nem comigo, nem consigo mesmo. Mesmo assim, farei um esforço enorme para não mentir. Não sei mentir tão bem quanto sei ocultar uma verdade. E não vou me prender a julgamentos. Verdade seja dita, o silêncio é o próprio escândalo. Então serei escandalosamente discreta com algumas verdades. [Silêncio]
Não vou materializar meus apegos, não vou humanizá-los demais. Acontece que me apego fácil, e não quero viver de menos por isso. Lembrarei de amenizar meus apegos, entre os extremos.
Não quero iludir meu coração com sentimentos repentinos, mas sei que vai acontecer sempre e outra vez. Sem querer ser fraca mas já sendo, amarei tanto ou mais do que sempre amei. Amor é uma fraqueza, mas não é um fracasso. Não necessariamente. Em alguma brecha desse todo mora uma luz que me fortalece.
Não vou esperar que descubram minhas esperanças. Elas estão espalhadas por aí. Já estão em evidência.
Não vou me prometer aos seus anseios, não vou me promover na sua dor. Não vou fingir que quero o que não quero. Já fiz isso pra agradar a um e outro, já me arrependi horrores.
Não vou forjar o momento. Ora, espere. Ou me erre.
Não vou, um monte de coisas. Não tenho porque me cobrar tanto, sei que não sou menos do que realmente sou.
Não me interessa ser em excesso, ter em excesso. Mas ás vezes faz bem, ser excessão.

KP

Friday, December 19, 2008

E não adianta. Não mais.
O que adianta é esquecer, deixar pra trás.
Houve aquele momento em que eu era ênfase.
Houve aquele instante em que eu te ganhava aos poucos.
Agora, nem palavras. Nem olhares. Nem presença.
Perde-se e morre toda e qualquer chance de que seu mundo
abrace o meu, e você beije meu rosto, beije minha boca, beije meu amor que ora cresce, ora despenca.
Perde-se e morre toda e qualquer chance de que você seja doce, delírio, motivo, casualidade, vida.
O querer se extende, entende?
Porém agora não adianta. Não mais.
O que adianta é esquecer.
Deixar pra trás.



KP

Thursday, December 18, 2008

Acho que a batizo de depressão natalina. Final de ano, sim me cai sobre a alma o poder de refletir ao menos trezentos de todos os dias do ano. Minto, não são tantos, mas me pesa como se o pudesse, de fato, fazê-lo. Amizades que fiz, amizades que se desfizeram de mim, pessoas que vejo apenas como um pontinho cada vez menor, na estrada que se segue. Amores que nasci, outros que abortei - ou que tentei. Sentimentos que me consumiram tanto tempo, o tempo que me consumiu por completo. Sinto-me só e perdida, fato. Mas é tão lindo e ridículo o espírito natalino, que ganhar presentes é o de menos, ganho ao longo do ano inteiro, pra que não ganhe no natal; percebi. Fazer um levantamento de quem realmente se importa com você, se realmente me importo comigo mesma. Levanto suspeita. Acho que aprendo muito, descubro muito, tento pouco, arrisco pouco, me arrependo muito, vivo muito mais ou menos, existo demasiadamente, afogada em rotina. Isso é mal? Péssimo? Ou apenas normal?
Deveria ter me esforçado mais, deveria ser menos preguiçosa, deveria sim ter dado uma de doida e talvez assim, eu não estivesse chegado na reta final me perguntado o que eu deveria ter feito. Arrepender-se por não ter feito! Insegurança, desconfiança, fragilidade, frescura. Enfim. Quando a minha depressão natalina passar, espero aprender a falar mais o que consigo escrever melhor ainda, espero me confundir menos, espero me permitir não esperar tanto, e perder. Espero aprender a dar não, e a ser mais generosa comigo. Aprender a vangloriar menos as pessoas, elas vão sempre te decepcionar. Fazer mais amigos, muito mais amigos. Amizades fiéis, que me ligue de madrugada, sóbrio ou não, apenas pela confiança, conforto, saudade, vontade de falar com alguém que entenda e haja consideração. Amigos pra fofocar, conspirar, xingar, discutir, rir e casar as almas. Caso contrário, ter um cachorro seria mesmo o ideal. O espírito de natal é um tanto assombroso, sinto- me mais racional do que espirituosa. Depois passa, em algum momento eu me encontro. Ou penso que sim. Boas festas!
[Ah... O peru e as sobremesas da minha tia... - Passou a minha depressão!].
KP

Monday, December 15, 2008

Vai saber o que eu quero.
Um momento de surto.
Um puxão de orelha não
Um alguém que me puxe pela mão
Me abrace forte, me ataque a jugular com beijos
Me decodifique em um minuto de olhar, me alimente o mistério.
Vai saber se o que eu quero é simples, é cabível, é causável.
Dois corpos e uma parede
Muros jamais
Palavras de efeito
Aliança à física, aos místicos, aos corpos.
[O explicável, o crível, o desejável]
Não depender de momentos sãos
Ser o impulso desregrado e o sustentáculo
Um sorriso conquistado, nada absolutamente forçado.
Refazer-se espontaneamente melhor
Sonhar, sonhar muito.
De olhos fechados e abertos.
De posse do mundo, com os pés no chão
E o chão flutuante, uma ilha.
Vai saber se o que eu quero
É o apenas.
De novo a pele e o momento
A paciência com a inexperiente falha
O objeto desmaterializado em sentimentos
Cabelos lisos que escorrem entre os dedos
E dedos que se cruzam, se fecham para um destino em comum
Reafirmar-se num querer carnal, desmoralizar-se dos medos
Numa verdade própria, na criatividade em acordar a criatura
Com o poder do calafrio e do café quentinho
Com a magnitude do amor de pequenos atos
Somente a vontade de conhecer
Um e outro. Um ao outro. E seu respectivo querer
O que eu quero eu não conto cada
Conto para ir ao encontro
Vai saber...



KP
Sinto que na minha confusão mora uma certeza.
Uma certeza calada, viva, boba.
Não consigo saber do que se trata, e essa certeza me maltrata por dentro.
Eu não a quero? Não agora? Eu não a sinto, eu não a tento?
Perco todo o meu tempo revivendo dúvidas, eu não entendo.
Sinto como se tocasse, que na minha confusão mora um desejo.
Um desejo simples, dependente, meio louco e descrente.
Mas desejo é desejo. Aquela coisa que cresce quente e te imobiliza toda.
Que te faz refém em si mesma e não te deixa pensar.
A minha confusão me vandaliza por completo.
Será então que tudo se fundamenta num desejo incerto?



Kate Polladsky
E falar-te que detesto esse tratamento indiferente, frio, esnobe.

Que eu não plantei a culpa, não tenho feito nada de errado.

Que desconheço sua doçura, sua atenção, sua pessoa.

E que canso. Finalmente canso.

E não te digo, porém me afasto.

Te perco de vista.

O trato que tenho comigo é o de não ser insistente e não mais adoecer de amor.

Sinto agora uma pontinha de dor, que tornar-se-à passado.

Eu que detesto passado também.

Enfim, passar bem.







KP

Friday, December 12, 2008

Não sei ser séria.
Minha seriedade se confunde com tristeza, vergonha, conveniência, mau-humor ou doença. Apenas sei ser cômica, irônica e sarcástica. Mas se precisar, aprendo a ser séria.
E depois esqueço, como se precisasse me lembrar.
KP

Wednesday, December 10, 2008

No fundo no fundo de mim há fogo.
Mas chovem sobre mim e me apago por dentro.
Torno-me aquela sensação de quem sempre teve luz e a perde.
Indaga-se: O que aconteceu?
Torno-me breu.
E me rompo à pressão da água.
Torno-me fria.
Lavada.
Escorro na angústia deslizante de não saber aonde se vai.
E quando caio em restos e impurezas
Dou-me conta de que sempre volto
Ao fundo de mim onde me aqueço.
KP
Or say, that she understands, but doesn’t know what it’s like.
Let’s even say that she fears happiness and therefore will always be on the verge.
I’m afraid she’s not used to be loved, considered, wanted and such. It must be really strange and uncomfortable to have someone after her to give her shelter and a ride in paradise. She just sneaks out! What monster is that she sees all the time? Why can’t she be blind and accept the touch and the whispers instead? By trying to see the best, she’s living the worst. The best might be blurry now, but it’s there. And I find no way to open her eyes. Maybe she’s in pain, in a real pain, I don’t know. I am. I say, I understand her. I need her. But she doesn’t know what it’s like to need. With body, heart and soul. All together burning in the same hurry. How dare you love to be so slow?
[Kate Polladsky]
Dependo dos meus defeitos para conviver.
Dependo dos meus erros pra viver.
Dependo de toda essa imperfeição que me dói e me ensina.




Kate Polladsky
A começar com me desculpe.
A terminar com eu te amo
No meio termo, não sei o que escondo.
Se é vivo ou se resistirá até o fim.
Espero que não morra dentro de minhas mortes.
Espero que dure o suficiente
Para que eu não tenha mais que pedir desculpas.
Por enquanto, me desculpe.
Eu te amo.



Kate Polladsky

Tuesday, December 09, 2008


[...] e por não saber que aquele instante fora seu, ela o perdeu.




Kate Polladsky

Thursday, December 04, 2008

Quando você tenta, e o tentar vira tormenta. Aí você já não tenta mais.
Quando sua dor é meio fome. Que embora seja sua, por dentro ela te come. Aí você já não a alimenta mais.
Quando você se apaixona e acha que ama. Aí a paixão te engana, e então por isso você já não sabe se amará mais.
Quando você acende uma luz dentro de si mesma, e vem alguém que não te conhece, te anoitece. Aí você já se perdeu demais.
Quando por fim, você acorda e vê que tantas horas felizes já não são tão felizes agora. Aí você vai embora e leva um vazio a mais.

Kate Polladsky






Wednesday, December 03, 2008

Apenas pela tua infantilidade, criancice, suas bobagens; é que me sinto à vontade com você. Pela tua mão assim bem maior que a minha, teus dedos nada pianistas, é que me segura firme nas poucas certezas que construo a respeito de alguém. Pelo teu olhar tão distraído, nas curvas que não tenho; nos meus olhos – que você pode chamar de mundo se quiser; na minha boca inquieta, é que te confio cada palavra que digo, cada absurdo que penso, cada vão que sinto, cada perda que tenho, cada vontade mundana, cada sonho impossível. Apenas por você ser meio portal na minha vida, aonde eu vou e volto do meu universo ao seu, é que te acho liberdade. Pela simplicidade em não precisar de muito ou de pouco para você ou para mim; apenas somos digamos assim: suficientes. Dou-te o que tomo e tomas o que dou. Brincamos de mentir, mas não nos machucamos com essas mentiras. Mentimos seriedade o tempo todo! Dessa forma, você é a minha verdade doce. Minha leveza, meu eu espantoso. Meu coração que não precisa de átrios e ventrículos, pelo espaço que ocupas. Apenas pelas coisas lindas que me escreve e pelas coisas lindas que escrevo, mas que me dás de presente, é que te amo e acabo me amando também. Você é uma das garantias do que sou. Pelo menos, faz sentido pensar assim. Apenas porque não preciso pensar muito ao seu lado. Respiro e vou. Acho isso sublime, colorido, curioso e tem um gosto bom. Não sei de quê, mas tem. Porque é formal nas ligações, e totalmente deformado fora delas. Muitíssimo engraçado tuas reações aos meus surtos. Pela educação quando não precisa ser educado, porque nunca vi bailar tão bem num estacionamento vazio nem ser tão louco ao me dar as chaves do carro. Apenas por confiar e pelos bla bla bla´s jurídicos que, deus me livre. Pela capacidade sobre-humana em me compreender e eu te daria uma vida inteira de “apenas” e porquês. Mas é apenas um texto, porque eu não sou mulher de dizer. Morro de vergonha, então prefiro escrever. Simplesmente porque você às vezes me surpreende, me ama mais quando deveria me amar menos, é sonso como se nunca tivéssemos brigado, e ataca meu açaí como se fosse comê-lo. Apenas porque não faz diferença o que somos. Ser ou não ser é bem menos do que estar ou não estar com você. Pelo amor carpe diem que temos. Que deixamos amontoar-se de momentos. Pelo tempo que nos conhecemos, porque eu nasci primeiro, mas você nasceu depois pra passar o resto da vida do meu lado. Pelos desencontros – porque deus entortou as linhas do nosso destino, para escrevê-las certo depois, ainda mais contínuas. E porque coloco essas linhas nas coisas que faço, essas coisas pelas quais você é apaixonado. Sem mais porquês. Apenas porque sim! Porque amo você.


Kate Polladsky

Monday, December 01, 2008

E POR MAIS QUE EU TENHA TENTADO AGRADAR QUASE SEMPRE E CONQUISTAR ALGO DE CORAÇÃO, QUEBRO A CARA, MAIS UMA VEZ. E ME DOU CONTA QUE AS PESSOAS NÃO TE TRATAM PELA FORMA COMO VOCÊ MEREÇA SER TRATADA. MAS SIM DE ACORDO COM A PROPRIA NATUREZA DELAS. POR ACASO ALGUMAS SÃO AMÁVEIS, EDUCADAS, TEM CONSIDERAÇÃO E TE ENXERGAM. ENQUANTO OUTRAS SÃO RUDES, SECAS, INDIFERENTES E CEGAS. ESTAS TE MACHUCAM SEM SABER COMO, QUANDO E O QUANTO. CAUSAM-TE SUFICIENTE DANO PARA QUE, NO INÍCIO, VOCÊ ESQUEÇA UM TANTO DE SI POR ELAS, QUE NÃO PARECEM MESMO MERECER. POR MAIS QUE EU TENHA TENTADO ME ADAPTAR À SUA NATUREZA, CEDO OU TARDE VEJO QUE MEREÇO REALMENTE AS PESSOAS AMÁVEIS, EDUCADAS, CONSIDERÁVEIS, QUE ME ENXERGAM. OU MEREÇO MAIS AINDA, AS PESSOAS RUDES E SECAS QUE NÃO ME PERMITAM QUEBRAR A CARA POR ELAS, PORQUE AO MENOS LHES RESTAM A CONSIDERAÇÃO. AO TENTAR AGRADAR TANTO AOS OUTROS, ME CAUSO ABANDONO E DESRESPEITO. NOTO, ASSIM QUE QUEBRO A CARA. E DESSA FORMA APRENDO A DAR NÃO, A VIRAR AS COSTAS SE PRECISO. AO TENTAR AGRADAR ME DEI CONTA QUE OS NÃO MERECEDORES, SÃO TAMBÉM OS MELHORES PROFESSORES. COM ELES APRENDI A ME DAR VALOR E CONTINUAR AGRANDANDO, SEM TENTAR AGRADAR NINGUÉM. SER BOM DEMAIS NÃO É SUFICIENTEMENTE BOM. ÀS VEZES, ISSO É PIOR. E É SEMPRE MENOS AINDA.
KP

Você não presta atenção ao que sinto. Nem mesmo eu, presto pro que sinto. Sinto-me pretensiosa, quanto atrevimento sentir tudo isso. Chega a pesar, a pender meu coração; uma laranja, meio azeda, meio doce. Indecisa do gosto que tem, por tua causa, fica lá pendurada. A casca respira, o interior cresce forte sem saber do que nasceu, sem saber do que vai morrer. E um dia, eu sei que poderá apodrecer na dúvida; por não fazer sentido. É bem esta, a natureza do que sinto. Mas eu demonstro esse monstro tonto. Amor idiotizado no seu tanto faz. Você é distraído demais. Indiferente demais. É demais pra mim. Se sentisse o que eu sinto, sentiria-se pouco importante, impotente, imperfeito e impertinente. Faço papel de sentinela, boba e esperançosa. Esperando que você sinta algo por mim, nem que seja um sinto muito. Nem que seja, eu não sinto nada por você.

[Kate Polladsky]


Era uma vez a ausência de uma estória pra contar,
Uma palavra para significar,
Um sentimento pra entender,
Uma vontade de saber,
Era uma vez eu e você...
[Kate Polladsky]

Friday, November 28, 2008

É muito fácil me prender.
Dá me espaço pra dançar entre o teu amor e o meu.
Deixa-me livre para ir e vir ao teu corpo
Abraça-me por trás, quando eu não conseguir te encarar de frente.
E me beija para sempre, quando eu ameaçar fugir.
Deforme as condições, ignore as confusões, desfaça-se dos por quês.
Prenda-me mesmo, é mais fácil do que me entender.




Kate Polladsky

Thursday, November 27, 2008

Se o meu sangue fosse pele,
Tocaria o meu alimento e me mataria por envenenamento.
Sufocaria a rubra forma do meu corpo com teu abraço.
E sobraria apenas a minha alma.
Saudável e fresca. Livre do toque.
Virgem e virtuosa.
Infeliz por faltar-lhe veias.


Kate Polladsky


BANQUETE


Te como com os
olhos
Fruta que se
pendura no
meu nariz
Te beijo como
esquimó
Bebo o suco e
mordo a
carne
Que esconde a
semente
Feito
fruta-do-conde
Então toco a
pele
Que se suja de
terra
quando cai
Bem aqui aos meus
pés
Te piso como a
uva
E escorre teu
líquido
Mais tarde, te
ponho a
mesa
Como o melhor
vinho
Brindo e me
embebedo
Caio anestesiada,
em
êxtase
Descanso do teu
banquete
Mas não recolho
dos meus
olhos os talheres
Para não deixar de
te
comer.


KP



Wednesday, November 26, 2008


Imaginam que vão encontrar no amigo, companhia.
No sexo, satisfação. No amor, o vazio preenchido.
Imagine que terceirizam tudo, que a felicidade vem dos outros.
Imagino que assim encontra-se solidão, insatisfação e vazio.
O completo parte daqui de dentro, do que sou.
E dos outros espero apenas por mim mesma.
[Kate Polladsky]
É ridículo.
Escrevo teu nome em qualquer pedaço de papel rasgado.
Minha caligrafia se cansa de você.
Mas meus dedos dançam em volta de cada letra que se forma, até a última quando morre.
E embora quando termine pareça estar no plural, não há coisa mais única.
Por mais comum que seja.Eu estou tentando te esquecer.
Dei-lhe apelidos pra me desapegar do verdadeiro.
Mas a verdade é ainda mais ridícula.
Não posso dar nome ao que sinto, que não o teu próprio nome.





Kate Polladsky

Tuesday, November 25, 2008

Vide verso, onde eu te escondo, te amo, te tiro de linha. Eu quero você na minha vida, porque poemas, poemas... Já os vivi demais. Aceite o meu poder de não saber fazer nada a respeito. E com todo o respeito, faço parte de você. Ah, e sei que faço muito bem. Mas também, sou tão metida. Penso em você já te beijando. E penso em você o tempo todo, fica a dica. Acha que me conhece e acho que te coleciono. Se te faltar uma peça, me peça. Mas peça educadamente, sem grosseria. Pode até mandar, mas demando. Não digo, mas quero. Quero muito isso que estou pensando. Adivinhe. Faça alguma coisa por mim. Ou por mim, pode ficar-se faltando. Eu faria falta de mim, se fosse você. E sim! Sim! Queria ser você para saber se sou curiosa ou louca. Quanto a minha curiosidade, seria possível te gostar loucamente? [Eu gosto. Logo, sou possível. Então me tenha!]. Quanto a minha loucura, seria possível não te gostar ao menos por curiosidade? [Não te gosto por curiosidade. Curiosamente sou louca por ti, ao menos.] Vide vício de você. Onde me trato. Sem resultados. Só o descontrole de te ver com os olhos míopes do meu coração. Um ser anostálgico. Sem lembranças. Um ser asequelado. Sem conseqüências. E inventor dessa natureza toda; natureza morta. Veja! Lentes de contato para mim. Pra que eu possa te tocar metaforicamente. Só com a luz quando bate na retina. Não saia de foco, não me enforque ainda. Tenho um poema bonito pra te dizer, bem aqui preso na garganta. Poemas, poemas. Já os escrevi demais. Mas se é somente assim que te vivo. Aceite o meu poder se saber fazer isso bem feito.
Farei-te mais.





[Kate Polladsky]

Monday, November 24, 2008

Porque não suporta ser idiota.
Por tão pouco.
Portanto, foi demais.
Não tratou começo como começo
Seria errôneo não tratar fim como fim
Ou padecer no tanto faz.
Tem gente que vive disso
Eu não quero viver mais.
Fazer feliz é muito simples.
É só deixar ir.
Vai...



Kate Polladsky



Sunday, November 23, 2008

Amou Fernanda, que anda sem saber o porquê ainda. Acha que lamenta o sentimento, tanto quanto o lamento. Ah, sinceramente. Confunde-se em si. Tem dona e tem direção, o coração do moço, mas rumo não tem. Sentido também não. Olhou Fernanda como se houvesse apenas sul, no cruzeiro todo. E lá se perdeu um instante. Isso é, para sempre. No tempo cronológico do seu coração. Quem se importa? Não sabe mesmo lidar com tudo. Será que a perde? Agora que Fernanda acha tantas coisas. Talvez ache o moço que se joga bem no meio do caminho. Ou talvez, passe despercebida, encabulada e de saída. Um maço já foi. Dois, ou três ou mais. Não fuma. Na verdade é pela companhia de não queimar só. Por dentro, que é pior. A dor é invisível e não deixa rastro. Mas registra. Marca. Fica. Ao se dar por vencido, permanece. E jaz. [Disse pra si mesmo:] Fernanda! Sabia que enquanto morro te amo mais? Mas se eu vivesse; juro que não seria capaz. Porque dói muito te amar, Fernanda. Assim sem um por que. Apenas porque vivo, sabe.






[Kate Polladsky]

Thursday, November 13, 2008

Jamais escreveria poemas pra você, se não quisesse falar sobre mim. Não busco apoio e nem quero me adentrar em todas as coisas que lhes diz respeito. É uma troca injusta, ser eu e eu ser você e você não ser. Porque eu, não sou. Não sei em quê quero tornar-me. Para tornar-me tenho agora que ser algo. E já não me sinto assim, tão formada. Sinto-me inconformada, isso sim. Jamais te reduziria a mim, sendo você o colosso que é e seus significados. Jamais te tocaria tão profundamente, sendo o vazio que sou, no vazio em que estou. É somente isso que preencho. Quando falo, não digo nada. Quando silencio me exponho demais, e é estranhamente assim que me desconhecem. O caminho por onde anda a minha existência não leva a lugar algum, mas pobre dela que anda tanto sem rumo, e compartilha apenas os calos. Sem quaisquer descobertas, continua no escuro. Jamais te amaria como amo, se quem eu amo me amasse. Por isso jamais deveria amar. Amor não é um dever. Não sei porque sinto como se me devesse isso. E a você. Vai dormir então, no meu adormecer. Se não somos o mesmo, somos do mesmo. Mas algo sempre há de se perder. Não consigo explicar. O fato é que os explicativos, todos eles moram em mim. Mas sou seu desabrigo. Jamais entenderia, se eu me fizesse estendida de entender.
Kate Polladsky

Tuesday, November 11, 2008


Sou aquela pessoinha, cujo sol nasceu poente. Que leva na pele um arrepio leve, e quase nem dorme criando palavras, que juntas digam alguma coisa. Que a diga o que ser para não se justificar demais entre as coisas que a tornam, digamos assim, tão quase. Humaniza tantos sentimentos frios, quentes, doces e amargos. Os tornam tão vivos, quase órgão dentro de si. Depois param, e por um momento todo o ser se cala. Morre. Contudo, sou aquela esperança demente; que não se engrandece demais, mas é semente. E logo, germina outra vez. Apenas quem nasce um amor quadrado e o gira em seu interior. Vira tão cedo a tarde, porque doa sua noite ao espanto de acordar com toda luz em seu caminho. Sou aquela pessoinha que é pássaro e é ninho. Será abriga bem sua liberdade? Talvez ela sequer voe. Abstrai tanto o que sente, cai muito pouco em si quando ama, parece que vive dormente. Quase sempre, amor foi um pesar. Apenas pra não passar em branco, tenta colorir seu vazio. Põe-se no lugar de quem anda descontente e distante, um tanto quanto lunar. Observa os detalhezinhos, silencia o todo e gravita em seu pensar.









Kate Polladsky
Um momento. Um olhar
Torceu-se por dentro e pairou
Como folha de papel em branco
Seda e sobretudo sede
Fitou como se tocasse
Aquele ser era também um estar
Naquele instante acha que estava sendo sincera
Com ninguém mais do que si mesma
E naquele momento, como se nada mais importasse
Deixou-se olhar.



KP

Monday, November 10, 2008




Dei minhas lembranças a um pedaço de mar. Vi flutuar minhas sagas ao teu lado e por fim, vi meu sangue quente, de um músculo errante e pulsante, afundar. Joguei meu corpo nas ondas, como quem quer se lavar por dentro e como quem levava por dentro um oceano de águas passadas aonde eu quase me deixei levar. Me perguntei em silêncio se aquilo tudo me pertencia ou se era tudo aquilo que perdi. Ainda carregava uma dor densa, quem sabe o mesmo mar te banhava em outro lugar. Era mesmo o peso do que eu sentia que me impedia de nadar. E fugir depressa do que eu era. Quase a tua costa, uma linha tênue de rochedo que te segurava firme, e te impedia de transbordar. Para que não se gastasse afora, nem se enchesse demais, de um mundo de outrora, cuja aurora se desfaz. Minhas lembranças foram todas inteiras. Hoje se despedem em pedaços, pontos e traços que sequer sabem que pedaço do mar riscar.


KP
Now I’m free. I may be locked inside myself, but I’m free.
Not a bird, not a space to fill in, not a time to waste.
I’m free from my past. Then again, it feels like a new taste.
No, I haven’t got new arms to laze on.
No I haven’t got different lips to run for.
I just got my heart back. And it’s all I needed.
I just got my sanity back. And it’s all I missed.
I’m thrown back into the darkness.
And yes, it scares me. I’m lost and lonesome.
But I’m mine. And my spirit is lighter.
I don’t feel like a loser. Nor like a fighter.
It is none of my business anymore
To measure my love or pick you up in the storm
It’s even senseless to think about before
As something so kind, so big, so true.
Now I’m free to ignore and make things work out.
Looking forward to see a new horizon.
To light my way with a brighter sun
And now that I’m free, darling
I got half way gone.



KP

Friday, November 07, 2008

Liz quis ser a minha flor.
E reluziu a sua cor no meu universo.
Dei-lhe meu coração, um palco e meu verso.
Quando a conheci me tornei uma atriz do amor.
Fui feliz para sempre por um triz.
Nunca perdi nada.
Nunca tive mais do que quis.
Eu sempre quis um pouco da essência do mundo.
Ser o duo. Ser o uno.
E sempre quis me encontrar no que uma palavra obscura diz.
Agora só quero uma luz, uma fresta, um olhar.
E ah! Me entregar a uma flor de Liz.
KP.

Thursday, November 06, 2008

Dizem que quando ela acorda sente o peso do mundo que a adormeceu. Das rosas no canteiro já murchas, das marchas de carnavais já silenciosas, das mechas de cabelos já perdendo sua cor jovial. De tantas coisas de sempre, que quase sempre lhes pareceram coisas sem importância, mas agora as percebem enquanto desacorda e até sente falta. Quando mentia, confundia com verdade cada palavra, e jurava a todos que jamais mentia. Sua verdade era burra e ingênua, era pouco social também.
Dizia que os dias de chuva eram quentes, tão forte se enrolava nos lençóis, formando um ninho de si e de seus medos. Jamais quis estar na chuva para se molhar. Criou-se seca e intocável. Certo dia viu passar na rua uma criatura de olhar tão brilhante, que nele reconheceu uma constelação, e daí por diante carregava dentro de si um planeta, cuja órbita ela não sabia quando veria novamente passar, mas sentia que a deixava tonta, só de pensar.
Dizem que quando ela ama, surta. Finge-se de cega, de perdida, não dá ouvidos a mais ninguém, que não o amor que a escurece, que toma sua bússola e rouba sua música mundana. Já nem dança, seus pés sequer obedecem, apenas corre para os mesmos braços, não anda. Quando um amor desses chega ao fim, a vida a desengana. Seu coração padece, o que há de mais doce nas frutas proibidas torna-se amargo e os pães sobre a mesa apodrecem. Não se alimenta de coisa alguma, e logo flutua de sobre-morte. Pessoas juntam votos para que sobreviva e então ela acorda, alimenta-se de si e aos poucos sente de novo o peso do mundo que a adormeceu. Tão bom é dormir. Sonhar acordada nem é. Isso a deixa tão leve, que nada a prende. Perde seu equilíbrio com a altura dos sonhos, e cai como se fosse o próprio muro que a divide. Ela tornou-se construção, mas retornou ao estado de pedras. Alguém a pega e arremessa no lago, vê-la pular e afundar seu corpinho de matéria perene sob os lençóis freáticos, molhados dos dias de chuva. Seu ninho a nasce, breve como um cochilo. E tudo o que há, ganha importância em seu mundo. Assim dizem. - KP.

Wednesday, November 05, 2008

Pensando que... Se eu pudesse sentir por você, o que sentiria por mim agora? Se pudesse sumir da confusão, da multidão que se formou, o que sussurraria no meu ouvido, num silêncio vasto, apenas o toque da sua mão e a sua voz que paira. Se eu a pudesse guardar numa ligação, o que me diria agora? Que é tarde e não é mais nada? Nada posso fazer pra alcançar um destino? Pensando que se eu não fosse tão racional... Teria a coragem de trocar o meu coração pelo seu, e assim merecer amor. E se por acaso, toda a minha racionalidade você tivesse, pensaria em algo a mais, pensaria em mim, ou tanto faz? É impossível esquecer. Queria pensar assim, por mim e por você. Não sei onde está agora seu pensamento, se está num certo momento, na indiferença, ou no lamento. Mas se eu pudesse voltar e estar na porta da sua casa, se eu estivesse lá por você e isso não fosse tão ruim, mudaria alguma coisa para que eu me encontrasse, e não me sentisse tão desabrigada assim?
Kate Polladsky
As entrelinhas que me riscam, não percebem. Meu mundo pendente, nem meu é. Me tomam tudo o que sou, e o que me resta, é a dor que sinto em ter demais, o que não é meu. Como posso ser tanto para tantos, se para mim tanto faz? Se tenho fraqueza, ou tenho beleza, entendem bem o que pareço ser, mas sei que não conhecem o que me faz. Esse ser de obrigação, da minha abstração de ser. Aos que me vêem de frente, ou de costas, me enxergam pouco por dentro. Gritam muito atrás de mim. Hoje, eu preciso mesmo é enfrentar tudo com silêncio. Essa rotina que me eleva, também me pesa. Mas saibam, que nada faço por pesar. Apesar de tudo, sinto me livre em tê-los para que me tenham. Mas tenham dó ou paciência, às vezes pra mim não dá. Amo todos com a violência de quem briga para que estejam sempre em paz. Embora por vezes, sinto me em clausura. Não sei como agir, não tenho como fugir da minha própria alcatraz. - KP.

Tuesday, November 04, 2008

Quando ela acreditava em amor, sabia falá-lo, cantá-lo bem. Escrevia o que sentia e não o que via acontecer. Não era amor descritivo, nem narrativo. Era amor poético e pausado. Sensitivo e predisposto a tudo. Passeava em idas, voltava renovado. Servia quente no prato, roubava para alimentá-lo. Era amor prático e óbvio, dos dias que surgem, de alguns que se desgastam. Quando ela acordava, sentia o cheiro do amor, nas roupas, na voz insone, sentia o amor nos cabelos despenteados, nas mãos macias, na pele de toque adormecido e principalmente sentia o pensamento morar num só nome. O abrigo dela; e não só dela, mas de toda a extensão por onde se criava, cada acre. Ela acreditava que amor não durava em memórias, mas em lapsos. Era o maior segredo do depois, presente que o sol trazia na manhã seguinte, protegido até a quebra do lacre: um “bom dia” sonolento, apenas olho no olho. Acordou o seu amor, mais um milagre.
Jurava pra si mesma que o amor que tinha, não era mistério nem era vestígio. Não dava sinais do quê o formava, mas transformava-se com malícia em presságio. Era assombroso. A sombra que dava, a luz que absorvia, já quase um ser vivo o amor se enraizava.
Mas aos poucos, o amor foi tornando-se palavras. Proferidas em vão, para feridas rasas. Ia se aprofundando e em algum momento, não mais lhe parecia dádiva. Corações ao avesso, e cada página perdia seu verso. O amor ficou pálido e sem grafia. Virou sopro. Pássaro sem asa. Caminhava somente à margem e nem mais sonhava. Fossilizava-se na lágrima. Deu de ombros, nada mais o sustentava. Um êxtase do fim.
Quando se lembra do amor, esquiva-se no tempo. Sente enjôo da dor que lhe traz, tantas lembranças ainda recentes, ganhando a cor sépia. Era chama, agora é fuligem. Ela se desfaz do amor que jaz. Do corte que vive a enxaguar, para que estanque, que pare de jorrar a seiva. E a limpe, para outras crenças. Que não o amor.
Acredita talvez, apenas na sua vertigem. O amor de passagem. Uma neblina. De certo trará outra visão, quando passar. Ela até diria que amor é uma miragem.

[Acaso]

Levanta a pálpebra. O que acreditara sofre com a maresia. É água-viva. Seu impulso flutuante. E volta ao amor, ainda que discretamente. Talvez ainda desacredite e pense diferente. Mas olhem-na: ela ama novamente.

Quer pense diferente sobre o amor, quer sinta diferente o mesmo sabor. Desconfia que dois a dois juntos não formam um só. Mas um cardume. Multiplica-se no interior sem medo ou arrependimento. Amor fácil e leve, não se perde e nem termina, já nasce escasso. Da raridade que é, transitar entre “quando era” e “quando for”. O amor acreditava nela, quando era. E ela, acreditará no amor enquanto for.
KATE POLLADSKY

Monday, November 03, 2008

O seu ar me agride. É seco, denso, pendendo pra si. Um tanto confuso e despreocupado, que despreza, ou que inconscientemente dispensa. Mas algo em ti é agridoce. Algo de sua essência me capta, e logo em seguida, me captura. Existe uma leveza sua que pesa nos meus olhos, sua natureza flutua. É tão delicada, mas quando pousa em mim, por acaso, me corrói. Vai me descontruindo. Como uma onda rasteira atrás da outra batendo num castelo arenoso. A primeira devasta, a segunda vem desconfiada e a última, fraca e tímida. Depois volta, arrastando-se de grãos.
A sua voz intimida. É imposta, é suposta. Tão curiosa de sonoridade que quase é pergunta. E é o próprio complemento, uma resposta. Quer ser sábia num tom leigo, simples. Sarcasticamente castiga, engana e mede. Como se fossem seus próprios olhos encara. E assim sua voz prepara seu berço pra o que quer ouvir. Já ganha mimo, ou um ninar debochado, gosta de adormecer assim.
Seu olhar é antipático, hierárquico, atípico. Adapta-se ao que vê, embora não goste. Quando assim, coloca o que for de canto; como se já não servisse. E a vista limpasse. Poderia escolher estar ou não estar presente. Mas seu olhar não foge, porque não é covarde. Nem fica porque é inquieto. Simbolicamente é um olhar acolhedor, colhido da castanheira. Ele é assim meio doce-mel, meio mundo e meio madeira. Por vezes, o noto meio radar. Nunca presenciei meio perdido o seu olhar. Nem mesmo ao meio, dividido entre uma coisa e outra. Decidido demais, não a deixa olhar pra trás. Fecha seu panorama em ângulo agudo. Invejo a paisagem que no seu olhar pousa.
O seu gesto é acanhado. É cabível e é cabide. Pendura-se no ombro daquele com quem compartilha a mesma linhagem de passos, ou naquele com quem perdurou um instante.
É um gesto miniatura. De identidade formada, decidido das superfícies. Gesto de meticulosidade, de firmeza bruta. Gesto escorregadio, desorientado ou plácido. Dependente do gestor, do maestro que o toque, que o leve, que o guarde por merecimento. O seu gesto é eterno, exatamente naquele momento. Doura o que toca com a pele.
Os seus traços, todos eles significam. Todos eles permanecem e são notados. Traços vivos, que não existem apenas para si, por estarem ali como seus pertences básicos. São traços artísticos, desenhados a partir do seu eu imperfeito. Traços seus que esboçam algo a mais, até menos do que gostaria. Alguns ficam descontinuados e descrentes, mesmo assim são eles que crescem acompanhando suas beiradas e bordam o tecido que veste sua pessoa. Isso de unificar os todos seus, teve de nascer todo de uma vez só. Das coisas que não se encontram de outra maneira em outro alguém. Porque cada coisa sua, é única. E o seu tudo, também.
Kate Polladsky
Não há mais nada a se falar de amor.
Amor é um objeto.. Que o meu espírito infantil o agarre como algo sem valor, sem cor, sem som e o arremesse no chão. O que fazer com cacos de amor? A dor os juntaria, tentaria de todas as formas torná-lo inteiro e divisível. Mas não compartilhável. Seguiria como objeto cortante, inutilizado. Com pontas e irregularidades.
Não entendo de amor, nem de falas. Entendo de bocas e palavras ao vento. De calúnia, de calos, mas de amor... Eu me rendo. Saberia falar mais do mar e de tormentas.
Uma vez acho que amei. Mas não amei a vez que amei, porque não fui amor. Não fui amado. Não fui. Voltei desamparado e vazio. A minha exigência com o simples tornou tudo muito complicado, e amor não é fácil de lidar. Por isso me ignorou, sei que esse é um dos por quês. O que não se justifica.
Caberia o nada no amor? Quando se sente nada, é um ato amável consigo mesmo? Protegido de ilusão. Blinda o coração. Mas e se ele envelhece, torna-se célula morta, antes de tornar-se céu para alguém. Não importa.
Se o amor falasse, o que me diria? Que de todas as vezes que amei, deu tudo certo. Mas no fim, estaria uma errata e meu nome nela. Agradeço. Pois se o amor falasse, tenho certeza que me seria sincero, e não criaria um mal entendido. Eu não o entenderia, me pareceria mudo. Então melhor que assim o seja. Mudo. Não há mais nada a ser falar de amor.
KP

Sunday, November 02, 2008

Veio agora morrer. Joga-se no sofá e o tempo a come, no mesmo prato sujo de ontem. A mistura dos grãos e as quebras rotineiras das beiras que a constrói. Que louça é essa? É mulher? Que brevidade do fim, deixar-se sucumbir nas mãos do talher.
Furem-na, partam-na ao meio, depois a joguem no fundo do seu mundo indigesto.
Disse a todos os elfos, que não acredita em fantasia. Mas tem o costume de mulher-maravilha, que não se salva dos heróis por quem se apaixona, e jamais termina seus capítulos. Ignora-os, perduram e tornam-se perfeitos, tantas vezes se repetem.
Não sabe o que respira, liberta do que a inspira, tem apenas alternativas excludentes. Sorri para todas as mentes brilhantes, seu brilho fosco pintou o acabamento que tem. Quando se acabou e a tinta fresca secou, sentiu na pele brisa nenhuma. E agora, isolada de tudo, pede apenas o descanso. E o descaso por acaso é consigo? Veio agora pedir que a perdoe, por ter o cabimento de não caber no que sente. Disse "sinto muito" e foi morrer. Agora vive em paz. Vai entender. Do que mulher é capaz.




Kate Polladsky
Meu poema pra você não tem mais repertório e o som é eternamente um dom de se ouvir o nada. Minha vontade de te dizer ou desdizer, passou.
Não preciso mais da cultura nem das palavras, o que eu quero de você é coisa calada e quente. Deveria ter lhe dado um beijo na boca, quando o tempo estava a meu favor, teria deixado a minha cor pra formar de vez o arco- íris. A essa hora, haveria um filme curto, em câmera lenta, passando na minha cabeça, nele colocaria legenda alguma. O que quer que eu fizesse do beijo, ficaria subentendido e jamais traduziria para outra língua.
Meu poema não tem graça, mas tem gosto. E tem gotas que pingam lentas, apenas quando chovo, quando me molha a alma e o meu coração lubrificado, suporta mais uma batida e escapa da morte.
Tudo o que escrevo é imaginação. E se um amor contraditório como o meu sobreviver, o que contará para as próximas gerações? Histórias para dormir. A canção do sono e a oração das horas noturnas. Abençoe somente o meu desejo, que é mais fácil de lidar. É mais perto, é de pele. Esqueça sentimento, não vai querer lembrar de mim quando eu lhe disser que te amo todos os dias.
Meu poema tem uma alma desestruturada mas costura algumas rimas, porque rima me lembra beleza, a sonoridade suave e lógica. Me lembra você.
O seu rosto quando se desfaz todo na minha mente, mistura-se com os pensamentos e vira nó.
Verá que nós não cumpriremos missão nenhuma. Nada se tornará acontecimento.
Não sei o que te mostrar com meu poema. Seu rosto virou a paisagem e o ponto de referência. E eu quero ser apenas visitante. Se tu tens uma cidade fantasma escondida na minha morada, já lhes digo que não me assusta. Nada desse tudo, tem significado. Mas tem criação.
No que eu queria pôr a perder, inclui provocar-te um impulso incontrolável de me ter. Que minha ausência agredisse, que sua libido agradecesse. Que algo de mim agradasse e seu destino grudasse no meu.
Meu poema nasceu perdido e já com saudades. Ele pede que releve. Poema sem classe, sem versos de maldade, sem mentiras, sem verdades. Que depende de ti, pra ser mudado, pra ser medido e ser tocado. Jamais trocado por outro.
Kate Polladsky

Saturday, November 01, 2008

Daqui por diante, só com você do meu lado.
Perto, longe, perto, longe.
Só, mas com você do meu lado de dentro.
Minha pele tem pressa, minha vontade não cessa.
Não toca o tempo lento. Nem joga de novo os dados.
O primeiro se chama sorte, o segundo se chama amor.
Nem acredite tanto em acaso.
Mas se caso contrário... Aqui estou.
Algumas palavras chaves sobre você.
Teu significado sem sentido sentiu-se livre
Por um acaso me decifrou.
Roubei-o em forma de empréstimo.
Sentiu-se roubada e me visitou
Nunca mais foi embora de mim
Solidão me perdoou.
Roubar suas palavras-chaves
Me abriu seu coração
E somos nós o nosso achado
Daqui por diante
Perto, longe, perto, longe
Só com você do meu lado.




KP
Vou muito tua e muito tímida.
Vou muito leve e muito nítida.
Verás quando eu chegar.
KP

Monday, October 27, 2008

Meu coração está em ruína.
Ouve o ruído e se anima.
Largado no tempo.
Dos temporais de sina.
Aqui sinaliza que é o fim.
Alvo fácil, e vira fóssil.
Nada mais o resgata
Em nada mais culmina
Aqui jaz.
Um coração em ruína.




Kate Polladsky
Sujou os pés de areia e foi seguir mar.
Viu onde tudo terminava, quando começava a encontrar.
E deixou pegadas, poemas, vontades, mentiras e verdades.
Talvez seja a maneira que encontrou de descontinuar.
Sentiu que já não pertencia, desprendeu-se do que a prendia.
E livre de tudo, novamente é.
Lavou os pés na água e foi seguir o mar.
Limpou-se de si, e o céu se abriu.
Ninguém havia visto o que ela viu.
Segurou-se nas pedras e até sorriu.
Talvez se as jogassem pra cima, faria chover.
E o mar inundaria, não afogaria seu sentir.
Sentiu-se desprotegida novamente.
Escondida do mundo, mantida refém.
Ameaçou de amores sua mente.
Sujou-se toda, de partículas de repente.
Fora de si, já esfriam. Por dentro era quente.
Foi bem mais longe do que pensava.
Pensou até que conquistava.
Toda a península por onde andou.
Banhada pelo lençol azul.
Que agora perde cor.
Está empalidecendo o amor.
E todo esse mar, que a tomou.
Amanheceu desacordada.
Na areia descontínua.
Continua a amar, contudo?
Ainda...




Kate Polladsky
Jamais farei comentários da sua falta.
Da falta que me faz, e da falta que se faz.
Cada qual com sua ausência por dentro.
Jamais fecharei a janela novamente.
Por excesso de sol, ou de chuva.
Deixa assim, símbolo de abandono.
Não lerei suas palavras, esperando reconhecer as minhas.
Não falarei mais nada, esperando esconder-me no silêncio.
Esperando ser descoberta no quebrar da sua fala.
Jamais deveria. Ter deixado tanto surto correr solto.
Não vá tentar me curar, da dor que me é.
Não vou existir pra um lugar que não é meu.
Não vou insistir em terminar o livro.
Das minhas faltas de capítulos que leu.
Jamais tomarei de volta o que dei de mim a ti.
Ou farei pouco caso do pouco que se deu.
Ainda sinto que despenco.
Mas o eu abismo, está caindo em si.
Jamais entendeu.


KP


Sunday, October 26, 2008

Essa queda eu já conheço. Vou me levantar.
Vou como sempre fui; sem querer voltar.
E acabarei sem que dê por acabado, mas vou pôr um fim.
É nessa cama que adormeço todos os dias. Acha que precisa me ensinar a acordar?
Não dói tanto de porquês, de pormenores, dói de mim que me deixei.
Não dói tanto mil nãos, quanto dói, já tarde demais, um sim.
E essa parte eu não mereço. Não recomendo. E sinceramente, já cansada de tudo, me rendo. Venço-me, sem ganhar o que quer que seja. Sem que seja causa perdida, ou ganha. Mas prefiro que se perca, agora. Do que ver perder um pouco mais, todo dia.
Já tanto faz de onde as coisas têm vindo. Pra onde as coisas vão? Eu não iria.
Dessa fruta eu já mordi. Já morri desse veneno. E não me custa a vida, morrer do que eu entendo. Apenas sinto de novo, o que se renova quando me lembro. A única razão nisso tudo existe pra matar sentimento. Que já é o final de tudo, para todos os começos. Já conheço, já conheço.





Kate Polladsky
Agora as luzes artificiais, ganham brilho pras luzes do meu céu.
Perdi estrelas, perdi referência. Perdi o planetário que não me cobre à noite.
Aliás, perdi bem mais. Jamais parei de perder.
Chegarei ao ponto em que depois de tantas perdas, restarei a mim.
Quando esse resto chegar, verei: Agora a luz, vem de dentro.
Jamais me perdi, quando ao perder tudo, me achei.
O ser iluminado que sou. Soube distrair-se na escuridão.
Passou pelo breu sem sentir medo, o medo de ganhar mundo.
O mundo que me ganhou as perdas é o mesmo mundo que me tirou o peso das costas, e me deu a leveza de ser livre, apenas com o meu ser, e sua luz.
Kate Polladsky

Friday, October 24, 2008

Ainda tenho esperança.
Mas não espera, não se desespera.
Respira e vai.
Em parte cansa, e inventa causas pra existir.
Ainda tenho muito que pensar.
E na possibilidade de não ser só pensamento.
Alimenta meu corpo frio.
E quase esquenta com um fio de amanhã.
Não sei o que me dói, se não machuca.
Nem tem a intenção.
Devo ser assim, indiferente à dor.
Organismo vivo pintado de azulejo.
Reflete o mundo em que vivo.
É no seu fundo que me vejo.
Meu maior medo.
É que isso não seja triste.
Que seja opcional.
Minha maior angústia.
É a consciência do que me sou.
E de aceitar, de se ter.
E não saber levar.
Deixar que me levem.
Que me escolham.
E que me achem antes.
De eu me encontrar.
Ainda tenho esperança.
De conquistar alguma certeza.
E poder ser flexível, com firmeza.
Que o meu agora, não se estenda.
Além do momento que é.
Para que eu não precise sentir o peso.
Do que poderia ser, do que teria sido.
Sem ser.
E assim sendo, não me respondo.
Porque não me pergunto.
Tenho a coragem da dúvida.
E pagarei as dívidas que fizer.
Com a esperança do ainda.
Do que minha esperança quer.
Decidirá o meu caminho.
Quando eu já não me importar.
Não importa, que passos der.
Que a minha verdade não se renda.
Nem entre pela porta em que sai.
Que o ar da minha esperança
Não se prenda.
Respira.
E vai.



Kate Polladsky
O que é que você tem, que me deita tão longe, e me sonha os pensamentos amanhecidos de ontem? Que mal você traz, que faz tão bem, sem toque; mas cura as doenças que o mundo traz? Eu esqueço que te gosto, quando lembro que não gosto de gostar tanto assim. Isso tudo que tu tens, é algo meu que se perdeu, ou algo meu que tomou pra cuidar? O que é que você tem que trafega meu chão e leva meus passos pra casa? Então sento pra te escrever sobre a vida que me vive. E a vida que não tive como viver. O que é que você tem, que me suporta ou me tolera, sei que não há muito o quê entender. O meu vazio você preenche, com uma leveza, talvez, volátil demais. Não permanece nunca e não me deixa. Às vezes pesa e cai. Fica esperando que eu te suspenda com palavras de abraço. Com um quê de sempre amei, e não te magoarei jamais. O que é que você tem que sua voz tem sempre sotaque de saudade, e me envergonha pela metade, não me cala, e me fala tudo como se olhasse nos olhos. Mora em tantos interiores queira, e daqui de dentro de mim, não sai. O que é que você tem, estudada de tantas certezas, que não me tira as dúvidas de nós? Não me esclarece de mim e do que sinto. Se não sinto mais. Se senti a mais. A menos que queira saber, no momento sinto paz por você. Não sinto amor. Que forças tenho pra lutar por isso, que sempre me enfraquece? E quando morre, me escurece. O que você tem, me ilumina e me faz querer enxergar ao redor. Não pode ser amor, o que tem. Tem que ser algo menos significante, e que por isso não me consome tanto. Apenas me convive. E assim consigo viver, levar comigo tudo o que tenho de você. E o que você tem comigo. O que é que você tem amor, além de tudo isso?



Kate Polladsky

Thursday, October 23, 2008

Conhecer o vazio que me inteira.
O vazio da convivência, o vazio da ausência.
Conhecer o que perdi, como se me conhecesse.
E não me perdesse. Nem me desse conta.
Como se me antecedesse, e evitasse.
Conhecer o desconhecido.
Sem que soe familiar, sem que eu desconfie.
E o medo me tome nos braços.
Medo do que se desprende, e dos laços.
Como vou poder me continuar, se me desfaço?
E disfarço muito bem? A ponto de eu acreditar
Que sou tudo isso que conheço.
Mas que sinceramente, nunca tomei conhecimento.
Conhecer minha sinceridade talvez, seja um começo.
KP
Já não sei...
Quem será que me segue?
Sem sossego nem sacrifício.
Somente o quente vício de você.
Já não hei, com que coragem te vivi?
Perdi teu beijo que tanto quis, ou irei.
Hoje sei que sou nada pra ti.
Amanhã o quê serei?
Já não sei...
Se me sobram pedaços.
Se me restam passos.
Passarei despercebida assim?
Por mim...
Pode ser que termine aqui, haveria um fim no enfim?
Filtrando-te do amor, que mora dentro de mim.
Já não sei... Sempre separo o possível do absurdo
Possivelmente apagarei as luzes
Pra ver a luz que incide
Se é você que chega, se as chaves abrem
Se os teus espaços de fato me cabem
Bem, você foi o impraticável. E, portanto...
O que há demais nos elogios práticos
Que fugiram da minha boca?
Já não sei, se queria saber...
Minha curiosidade resiste
E perde pro que mais persiste ao viver
Agora, desiste...
Ao mesmo tempo em que quebra sua lei
Se contradiz, se desfaz e se perdura
Se for verdade, já não sei...
Menti pela saudade, pela passagem mal marcada.
Da dor de querer, um quê de ti na dor, que não me dói.
Só mesmo enfeita a dó, que você tem por mim.
E se dá um pouquinho, pra mim que já se deu.
Já não sei... Quantas vezes errei e me arrependi.
Mas não te disse ou irei. Sei que o teu sol a pino
Percebeu as sombras que deixei
Não são caminhos com cascalhos.
Às vezes é você, a maior pista do que sou.
Se tudo o que vou, vou por você.
Não vou me perguntar sobre tudo
Ainda assim duvidará do meu talvez
Minha sabedoria é um tanto burra.
Pra você saber... Que já não sei.



Kate Polaldsky

Wednesday, October 22, 2008

Quem te beija distante, em frente os olhos de cada pensamento que traço sozinha, com a ajuda da distração. Quem tem que se apresentar como quem te gosta um pouco a mais do que gostar. Gasta de si o gosto que tem o somente que é, sem quem sem quer. E não quer se mostrar; apenas rodear-me de indagações, ornamentando de angústia aqui dentro. Quem se preocupa e se dói, sem nenhum chão que apare, sem os tais braços que ampare, que seja.
Quem surpreende o óbvio, tão mal feito que quase jaz. E te perturba quase nada do que me diz, mas perturba demais. Quem se multiplica, faz quase tudo, por quem quase tudo é. Tudo parece valer a pena. Apenas, quem toca a pele, sem nem mesmo tocá-la, mas já se materializa, tão perto fica a distância entre os dedos dos sentimentos limpos de amor, que já até empoeiram de tanto esperar. Ora, quem sou eu pra amar...
KATE POLLADSKY
TO TELL YOU THE TRUTH, IT BOTHERS ME.
THAT YOU CREATED A HARD WAY TO LOVE ME
AND AN EASY WAY TO LOSE ME.
IT BOTHERS ME THAT YOU HAVEN´T REALISED THE DIFFERENCE BETWEEN WHAT YOU THINK IT´S RIGHT AND WHAT I THINK IT´S WRONG.
AND IT BOTHERS ME BECAUSE I RESPECT MYSELF, YOU DON´T.
EVEN WHEN I LIKE YOUR KINDNESS, AND YOUR INTRIGUING LOOKS
I WONDER IF I DONE SOMETHING TO WIN IT, AND IF IT MEANS IT´S GOOD.
TO TELL YOU THE TRUTH, ONE OF US HAS BEEN LYING TO ITSELF
IN A MILLION T POINTS THAT TOGETHER MAY DRAW A WHOLE ENDING.
I NO LONGER FEEL SO GIVEN. I MAY BE THIS NUMB PERSON, FEELING NOTHING AT ALL.
I´M PERHAPS JUST A THINKER. THINKING TOO MUCH OF EVERYTHING.
WILLING TO THINK LESS AND LESS OF YOU.
TO TELL YOU THE TRUTH, I´M NOT TRULLY A TELLER
I´D RATHER JUST DO.
BUT SOMETHING´S KEEPING ME FROM MOVING
ALTHOUGH I´M ACTING LIKE A FOOL.
IT BOTHERS ME AND STILL…
I´M TRYING TO FIX WHAT CANNOT BE BETTER
BETTER IF I DIDN´T BOTHER
I´M WAITING FOR WHATEVER.

KP



Tuesday, October 21, 2008

Queria eu saber como te tocar, como me trocar por ti, um minuto somente.
Queria eu adivinhar seus pensamentos meus, por mim. E se talvez eu tivesse a chance de saber o que eu nem queria tanto entender, já até me arrependo... Mas certas coisas queria que você soubesse, especialmente as que soubesse sem que eu diga, mas que me dissesse o que pensa. Queria não me desgastar tanto, sem precisão. Precisamente quando você é a tentativa mais óbvia que faço. A mais simples, a menos ganha.
Queria mesmo era saber o que fazer, pra não desfazer nada do que fiz. Que foi um passo certo, que não foi certeza alguma. Mas me conforta por algum motivo. Queria saber qual é a minha porta de entrada, já que espero na saída o tempo todo. E o medo de não conseguir ir embora, ficar apenas eu e os espaços vazios, os meus de dentro. E o de fora. Queria que fosse verdade as mentiras que eu passei a acreditar porque desisti aos poucos do quanto te queria. E se me pareceu errado essa verdade, é porque na verdade, ela que não me queria. Não quero mais que a vontade. É a minha grade, de todos os dias. E parece que me aquece, só de pensar. Queria eu saber como não querer, e que isso fosse despreocupante. Que seja, por fim. Que não seja um fim, mas me faria feliz que fosse ao menos um instante.




Kate Polladsky
Now that I have nothing else to lose.
Losing time with you doesn’t seem so right.
May I leave part of us hanging by itself and another part of it behind?
Just because it’s senseless and silent, to continue with this mess.
Here inside I wish I could stay, and take a chance to be the entire me with you.
Now it´s just the shadow from yesterday. But it always were by nature.
I try to see with your eyes and I really try to light up my view.
But I’d rather have it all blind, than live forever a blurry deal.
You can just have my skin, can provocate me, but never touch me.
You can change my places, make my laces, but no longer move me.
You can this powerful thing of being my love, but can’t this powerful right of a lover.
I left a mark, but does it stay as an old thing, useless and meaningless anyways?
Do I listen to words that doesn’t listen to me anymore?
Hey, you´re my certain step over the days, but you’re one more day in my life, no more.
And now! I must choose between losing myself, and losing you. Differently, but almost like losing the same. Separately, but almost like losing one body.
That doesn’t match, and doesn’t sweat the same kind of love.
Have I got something else to lose? Except for the loss of the nothing, we are? And this lie that wannabe true? Some other story that I wanna tell for myself, without a thing to prove. Stopping is not a mistake. It is just that now; I have nothing else to lose.





KP

Sunday, October 19, 2008

Serei eu, que me sou. E serei eu que me dou. Que escolham o quê de mim querem. Sei ser fingidora, sei ser perfeita, só não sei ser quem sou. Não sei de mais nada. Já não sabia quando era alguma coisa. E sem querer, me canso, me nego, me recuso a conhecer apenas as costas de quem persigo. Prontifico-me a dar a cara às tapas, até que quebre essa louça com a qual me vestem e já nem querem tocar. Trocam-me pelo imprestável, pelo impuro, pelo imprudente? Escolhe a mim como traidora, como trouxa, como heroína que mente? Se assim ganho mais, ganho amor, ganho atenção e ganho a não-admiração que todos querem ter pra si, que desejam e que embora odeiem, possuem com um sofrer quase tão gratificante quanto se tivessem o alívio, o conforto, o refugio de alguém que é bom demais pra que os mereça. Então, serei eu um desmerecer-se de si, pelos outros. Pelo merecer de querer ter o que mais se quer? Não sei a quê me dou o direito, pra que não fique com nada. Apenas o todo perfeito que sou, e que já não me serve, quando mais preciso.
KP

Wednesday, October 15, 2008

Você não se termina em mim? Nos dias em que te transito os dedos, sei que recomeço.
Pousei na película da tua pele. E adormeci entre as vontades, e uma verdade só.
Você não percebeu? Não sou eu quem te percebe enfim? Foi sim, eu quem te tocou por dentro e te preencheu os entres, sem tirar nada, sem que se tirasse de si. Pode continuar como este ser inacabado, que não se termina. Nem mesmo em mim.




Kate Polladsky

Tuesday, October 07, 2008

Tem um pouco seu no todo eu. Tem um todo seu no pouco meu. Vou te dando tantos tantos e nem te aviso. Gosto tanto que é melhor esconder. Já nem cabe aonde. Quer esteja onde quer que esteja e eu não te veja, e não veja tudo o que é. Interessa? É até suficiente não saber. Ou descubro, ou acho. E supõe-se que é melhor assim. Não ser pensante, ser apenas sensato. Sem laços constantes, só a constância dos fatos. Só o afeto do acesso fácil. Do dificil dever de gostar, por obrigação nenhuma, desordenado. Apenas por ordem do coração. Tem um pouco a mais do que deveria ter. Tem vezes que não se mede bem o que dizer. E não se diz o desmedido. Pra não ferir nem rasgar sentimento. Como corte de folha de papel. Quase não se vê, mas incomoda toda sua insignificância. Num instante se cria com o quê preencher o todo. Tudo isso sem molde, só a matéria-prima. Um querer simples e bruto. Sem sala de espera. Nem expectativa de nascer ou morrer. Fica lá tudo isso. Incluso no todo. No teu e no meu pouco. Cada um tem o seu. Às vezes é apenas um muito-pouco. Mas preencheu.
Kate Polladsky

Monday, October 06, 2008

I don’t know what love is. But I love you, just like this. And not just sometimes. I don’t know what it feels like to have you, but did you ever feel like mine? I don’t know how to move, how to explain, I don’t know what to say or how to look at you. But I know enough to keep you inside like my only living part. I don’t know how to please, how to avoid, how to stop acting weird. Every little thing you say leaves a mark. And I don’t know how to finish any feeling for you when I start. Just like nearly everything, I should try. But I give you all of me, and step behind. As I’m afraid that you’ll really take it, or never mind. I don’t know how to stay with you without willing to hide how much you got from me, I just throw a smile. Do you know the way I feel when you’re by my side? That I could stand forever close to you but I get on the verge of running away, on the inside? I give you too many excuses not to lose my mind. Too many halves, and I trace so fine a way to lose you, right? I don’t know what you want from me, when you don’t expect anything in fact. I don’t know what goes through your life, through your thoughts, through your heart. I don’t know which way to follow, which feeling suits you and I. Without hurting you with my unspoken passion, and too many words you’ll find. Without even hurting myself all the time. Often you confuse me, and it happens that you cause me damage with how you put out your words. I must be too silly, too stupid and thanks god there is you to tell me to stop. Thing is I don’t know how to deal with you, when it bothers me so deeply that I miss you badly, and I can’t disguise myself, no matter how hard I try to let it go, hopeful that it could help me, that it might be easier. Rather than not to hold you for more than just a while, to kiss you for more than just a threat, to hear you speak of your lovers from time to time. It is just fair that I don’t know what love is, when I don’t know how to love. But I don’t know how to name it all. I wonder what it means when you say “I like you”, is it more or less than we have to offer, without expecting a thing from each other?







KP

Wednesday, October 01, 2008

Vai morrer de queda, quando cair em si.
Passa, pensa. Passa. Nem fica assim. Nem assim fica.
Mas se me quiser, tenha.
E se não, um senão. Tem quem? Tem não.
Não quem me conheça. Ainda. Mas vai conhecer.
E vou apresentar a você.
Pra que você mude de idéia, e eu mude de conhecido.
Não adianta, de um jeito ou de outro eu vou morrer.
Da tua queda sobre mim.
Sobre queda: continuo caindo aos teus pés.
Morri.
Kate Polladsky
É uma porção sua que me assusta. Que me invade, não pede licença, entra e sai. Entre o que é meu, entre eu. Acontece que penso pouco, ou quase nada, quando te sinto perto. Longe demais, na verdade. É um pedaço seu que quero. Que me sustenta. Quase não largo teu corpo. Agarro tudo só em pensamento. A idéia disso me traz a você e me leva embora sem ti. Não sei até onde chego. Mas sei que chego saindo. Um impulso involuntário que me trai. Queria muito saber o que me decide. Sambo entre o ter e o não ter. Tenho pressa e tenho a paciência de quase não querer. Mas quero, não sei o quanto. Só sei quando eu quero. Não me agrada, não me desanima, me distrai, me constrói e determina o que vou fazer. Que, aliás, sequer a noção do quê. Não sei se te trago quando me resta apenas a mim e um cigarro. Não sei se te levo, na manha; não sei se te indago, se te pergunto respostas. Mas sei, que esse susto todo que me abraça de você, até esquenta. Até me cobre de curiosidade, até me descobre, coisas que nem julgava ter, nem julgava ser, nem julgava julgar-me. É uma porção sua em meu território. Nem te cruzo a linha, mas me deixo passar.


KP

Tuesday, September 30, 2008

Já nem sabe em que nível está.
Se está ao nível.
Se há de se nivelar.
Já que pergunta, por que pergunta em que nível está?
Pode ser que esteja desnivelado agora.
Ou ao nível do mar?
Nesse nível se navega... Ou se afunda.
Nem sabe a que nível chegou.
Nem se chegará.
Já sabe de todos os níveis.
Eu nem sei mais...
Vou me perguntar.


[...Para você que me carrega no sereno, e me pergunta respostas]


KP
Agora acho que se extingue. Deixou-se levar, lavar-se demais. Talvez agora um enxágüe por dentro. E se acalme, se vicie no secar do vento, com outros ares. Quer respirar, não? Transpirar tudo isso foi febre. A aqueceu por um instante, tanto. A queimou por uma eternidade, tanto. O que sobrará será que serão cinzas? Depois que molhar tudo embora. Não há o que regar.Nada brota. Não lhe deve continuidade. Arrancar? É um tirar de vida, um tirar de linha, desalinhar. Irá puxar um fio assim, e sem que nem percebam vai se desfazer feito novelo. Sempre tão sólido, o gelo amornado, derreter-se-à. Se não se extingue agora, uma hora irá? Acho que não é obrigação manter isso tudo. Mas já pesa muito em toda sua leveza. Que diferença faria continuar? Faria diferença? Carregar, descarregar. Prezado inquilino, não é por nada. É porque não há lugar para ela. Abandono de lar. Que só abriga um dentro, mas não quer estar lá.

KP


Monday, September 29, 2008

Já tinha chegado de lugar nenhum. De um sentimento perdido perpetuando perda. Ser inanimado, amor. Já nem gosto tanto de você, já nem te esqueço, já morro de saudade, já morro cansada de ir e vir entre seres. Um ser eu, um ser tu. Tudo eu invento, nada crio? Nada nasce em mim de raízes. Embora seja eu o lírio dos teus olhos. Embora seja você a borboleta que eu escolhi como liberdade pra ter. Te tenho? Te solto? Até vejo beleza em tudo. Mas sofro. É um tanto decadente que tenho tudo e não tenho nada. Tenho uma dúvida certa. A minha certeza sempre duvida. Não sei se de mim, ou de você. É algo que vem de dentro. Aflora e murcha. Mas não morre. Às vezes acorda, como de um sonho ruim. Às vezes dorme, como que de tédio. Não sei bem, se espero demais, se espero ter mais. Há dias em que sou indiferente à espera. Acho tudo tão fugaz. Mas são esperas diferentes, são dias iguais. Acabei voltando à minha natureza por você. Já tinha chegado a acreditar, que não me esperaria nascer lírio novamente, nem que borboletas voassem pra mim. Quase me preenche ou me engana com caberes, e já nem acho tão vazio assim.

Kate Polladsky