Sunday, August 31, 2008

Vamos os dois, periculosos e distraídos?
Sem causas, recusas, reclusas e coisas que nem sei dizer
Vimos que nem sempre temos mais que nós
Mais que sós, desatamos mais
Mas que ainda assim, paciência, somos nós os nós
E sós nem paciência faz jus
À companhia degradante de uma estrada vazia
Devolva-me os passos e os pés descalços
Os calos e os papéis
Todos que representei pra você
Todos que risquei
E tudo mais que eu rasguei
Vamos os dois devolvendo um ao outro?
Demonstrando quem realmente somos?
Somos dois?
De vez em quando ao menos?
Mais que isso eu não peço
Eu não posso, então que passe em branco
Vamos não me faça colorir os rabiscos
Que são só motivos
A dádiva da intenção
Eu queria mesmo era ir
Os dois, permanentes e gritantes
No silêncio meu e teu
Atentos ao perigo que é
Sermos apenas eu ou você.



Kate Polladsky
Menta

Me enche o copo?
Me bebe o corpo?
Me joga ao topo?
Me tenta agora?
Me tantas todas
Menta e amora
Mente na hora?
Me despedaça?
Me transpassa?
Me liga as pontas?
Me mescla as taras?
Me lambe os cantos?
Me canta mesmo?
Meticulosamente
Me adoece?
Me adoça?
Me encanta?
Me continua?
Me renovamente?
Me leva?
Me lava?
Me seja?
Me suja?
Me cospe o alívio?
Me livra do vício?
Me escorrega?
Me agarra?
Me espanta?
Me espalha?
Me mostra?
Me mima?
Me solta?
Me atrasa?
Me olha?
Me ama?
Me tranca?
Me trava?
Me abre?
Me revela?
Me veste?
Me sopra?
Me arde?
Tanto assim?



Kate Polladsky
Queres?

O quê?
Queres ou não?
Quero
Hmmmm ele quer
Isso é ruim?
É aceitavel!
Afinal tu queres!
E se eu não quisesse? Seria mais aceitável?
Aí seria renegável, não?
Renegar também não é aceitável?
Se você não aceita, você renega.Ou não?
Afinal de contas... se eu não quisesse, seria ou não mais aceitável?
Seria compreensível...
Mas seria moralmente mais adequado?
Eu não pensei em nada moralístico. Acha que eu deveria?
Não há como não pensar. Os preceitos morais fazem parte de você, estão encrustados na sua personalidade. São inerentes a sua forma de pensar, e de enxergar o mundo.
Pare de me assustar homem! Eu e a minha papa de aveia estamos moralmente desconstituídos, mas tu queres, ou não?



KP feat. FC

Tuesday, August 26, 2008

Quis ser heterogênea
Mas foi tola e foi mistura
Quis ser uma só
Mas foi babilônica
E foi pedaço também
Quis ser si mesma
Mas mesmo assim se foi
Não foi nada assim, demais
Que foi?
Quis ser adivinhada
Mas foi adivinha
Quis ser a comédia
Mas foi divina
E foi a dúvida também
Quis ser a fruta proibida
Mas foi madura
E se mordendo de vontade
Não caiu em si
Não caiu do pé
Permitiu-se permanecer
Em aura pendurada do que é
Nunca mais que isso
Ou além do que quis
Injusto?
Veríssimo.


Kate Polladsky

Sunday, August 24, 2008

De lua

Mudo muito de sonho
Mudo muito de objetivo
Mas no fim eu só quero ser feliz
E eu só sou feliz mudando de felicidade
Sou só e isso também é felicidade, só isso.
Flutuar é bom
Mas daqui a pouco vou arrumar alguém pra me distrair
Que fale muito, tudo muito sem sentido
Que viaje, na mente e na estrada
Que me leve junto e me lave a alma
Eu não sou de ninguém que me queira
Sou de quem se apossa e não me diz
Mudo muito de amor
Mudo mais ainda de dor
Assim mesmo, mudo de cicatriz
Canto muito, muito baixo pro meu gosto
Gosto de tudo um pouco
Mas gosto muito
Geralmente o que gosto é muito simples
Mas adoro complicar, pra ficar mais bonito
Pra durar a intriga e a provocação
Pra ter medo, de ter complicado tanto que perdi
Mas mudar de perda é ótimo
Se ganha muito com isso
Porque quando ganho, sou tão feliz
Que sinto que nunca perdi
Mudo de exagero, de loucura
Que no fim tinha tudo de normal
Tem gente que não arrisca na loucura
Prefere julgar a normalidade alheia
Eu prefiro respeitar o mar de cada um
E olhar como ele molha a areia
O meu mar se dá por completo
Se deixa absorver aos poucos
Sem que vire poça nos grãos
Sem que espume na beira
Mudo muito de praia
Mas não mudo a minha natureza
Mudo de liberdade
Mudo de ares
Mas não mudo de asas
Não peço a ninguém que mude por mim
Mas por mim eu até que mudo por alguém
Se não valer a pena eu mudo de alguém
Ah, eu mudo.
Se me der na telha, mudo tudo
Que mudei até agora
Sou de lua. E tá tudo na mesma.


KP

Wednesday, August 20, 2008

Está tudo em pratos limpos
Não fui eu quem lambeu os pratos
Estou só enfatizando
Não fui eu quem distorceu os fatos
Estamos todos livres
Onde está a maior perda?
Desse legado de merda
Me faz lembrar um coisa
Me fez pôr uma pedra
Agora,
Vou começar minha construção
Com as cinzas de tudo
Com tudo a que me presto
E todo o resto
Do meu coração


KP

Monday, August 18, 2008

ECLIPSE

Se eu puder apenas escolher te observar
Enquanto teu sono cobre o cansaço
O lençol cobre o teu rosto
Tua respiração cobre o quarto
E da noite emane o gosto
De cada coisa que tu sonhas
Se eu puder apenas colorir tua pele com a minha
Teu cabelo com o meu
E adormecer no mesmo eclipse
Sobrepor-se em corpo, pernas e asas.
Desfazer-se em morte viva
Reviver a noite em brasas
Como se ninguém visse
Como se ninguém pudesse
Ser um instante do seu
Apenas eu.
Apenas eu.



Kate Polladsky
200º

Ducentésimo em diante
Você estará ausente
Não sei que bem fará
Ou para quem será este presente
Mas nesse instante
Não trará nada que eu já não tenha.
Nada que eu já não tenha deixado ir
Das milhares de vezes que mencionei-te
Poucas vezes criei significado
Não é para se ficar descontente
Deixar-te hei calado
Inócuo e vazio
Já há muito tempo distante
Tal como houve primeiro amor
Chegará a centésima dor
Nada mais por um fio
Que despenque tudo de antes
Nenhuma gota amarga
Irá me criar enchente
Ducentésimo em diante
Eu rio


Kate Polladsky

Friday, August 15, 2008

A CRIAÇÃO

Não faço nada de grandioso
Apenas descrio
Apenas escrevo
Esse mesmo nada que escraviza
Liberta
Tal como seria se criasse
E ainda assim se o fizesse
Não seria algo grandioso
Apenas uma discrição da descriação
Ou talvez uma descriação mal criada
A criação



Kate Polladsky

Thursday, August 14, 2008

Ser tua cura de tarja preta
Que nem fazendo esforço tu controlas
Ser teu dicionário de palavras chulas
Quando tua raiva não tiver saída
Ser tua pobreza, tua recaída
Quem te faz morrer de pedir esmolas
Serei quem sou e ainda!
Um ser sem sobras



Kate Polladsky
MESMO

E se eu me reinvento?
Enquanto retrocedo
Ou retorço um progresso
Pouco me importa
O que eu penso.
Pensar é uma derrota
Sem o intento.
Vou criando mais de mim
Desfazendo-me assim.
Não há nada que eu possa fazer
E quer saber, eu não lamento.
Sou muda o tempo todo
Só mudo o que vou dizendo.
Aproveito pra me perder
Um alvoroço pra me prender
A qualquer coisa comum
A qualquer custo
A qualquer um
Nada muito qualquer
Não são pra todos
O melhor rótulo de rum
O mesmo gosto forte tem todos
O mesmo mal-estar
Mas o mesmo de tudo é um fardo
Que já estou farta de carregar.


Kate Polladsky




Tuesday, August 12, 2008













Amisterdana

Todas querem ser
Todas as que não são
Pode até ser
Um lugar tão seu
Amisterdana
Consagrada
E profana
O teu feito
Teu efeito

Em nua análise
Catalisando-a
Sana
Femea
Atenta
Insana
E como cualqueruma
Humana
Todas querem ter
Para o mix ter dono
Híbrida de si
Todas as que nem tão
Amisterdanas



Kate Polladsky
CORRE DOR

Fim do corredor
Perdi-me no rim
Do amor, da dor
Estranhei a distância
Estreitou-se a ânsia
De te ter perto de mim
No início era claro
Hoje é comum
O que era raro
E a lâmpada se apagou
No fio do corrimão
O feixe de luz então
Virou silhueta
Uma penumbra
De tempos em tempos
Na ampulheta
Um vislumbre
E todo esse sentimento
Sem cor
Eu percebi quando me vi
Olhando-te no fim
Do corredor




Kate Polladsky
Juro que queria tocar as suas células cantantes
Expressivas e estridentes
Anexar à minha identidade perdida uma nova linhagem de valores e favores
De mim para o que sou e como me sinto quando você se revela
Juro que nas ruas os outros seriam outra história
E sei que jogariam suas ideologias e julgamentos sem leveza
Como cartas na mesa de pôquer, como pedras sem saberem o porquê.
Eu não ligo para todas essas pobrezas de alma e essa geração de mal dizer.
Juro que abraçaria sua natureza e me doaria para as dores do mundo
Do seu mundo, do seu muro de liberdade.
A minha vida vibra na confusão dos meus problemas E vibra-se de você.
Identifica-se e se aloja como bala no peito
Como se fosse tarde demais
E pudesse subornar o depois, com toda ética sentimentalista e carnal possível.
Juro que se por meio dos meus sentidos pudesse te materializar
Não teria qualquer martírio o amor recém descoberto
Que já está juramentado de fim.
Sem que eu pudesse fazer qualquer coisa
Exceto quebrar os juramentos que fiz dentro de mim.


Kate Polladsky

Monday, August 11, 2008

O meu medo desdiz. Isto é fato. É nada tão construtivo, quanto parece ser o risco sobre o papel. Nada me cala, nem o meu medo. Porém, como já disse, de que me vale tal empenho, interrogo. Interfiro. Inter-fico. Confusa.
Um triz muda muita coisa. Muda tudo. É sempre bom estar por um triz, quando um calendário é só um calendário. Quando um dia, depois o outro, depois o seguinte; nenhuns deles se tornam lendários. Tornam-se falsos cognatos de uma vida plena. Os dias.
Meu medo é excelente confidente. É um vácuo da gaveta, de madeira nobre. Sem trancas, apenas discreta. Medo esse que tem uma fome voraz. Digere tudo o que nele jogo, insatisfeitas suas enzimas ardem por mais.
O medo quando adormece o corpo estranha. De tão incorporado, já não é corpo estranho. Mas corpo entranho. O medo.
Cutuca-me os calafrios na pele, a platéia emerge. E é o medo então que surge como patrão frio e autoritário, delega o que quer, se senta ao alto e observa. De espírito mecanístico, não sei se se classifica como erro, como agravo, ou como agrado.

Medo que é medo, teme perder sua natureza. Teme por essa vertigem.
Por qualquer coisa que lhe provoque coragem, de perder-se da origem.



Kate Polladsky

Thursday, August 07, 2008

SACRIFÍCIO

Um pingo do poço
Viu-me tropeçar
E os dedos dos ossos
Não puderam segurar
Meu esboço
Que caía
E ela ria
Ela ria
Diante do riacho
Onde
Marchavam peixes
Tão traíras
Riscando a película
Da água
Em preto fosco
Era macio
Mas eu morria
E não fazia
Nenhum esforço
Despia-me
Da pelagem viva
Que me continha
Sem descompasso
Nem alvoroço
Embaraçava
Minhas pernas bambas
Nos contornos daquele dia
Salivava pelas beiras
Ao dizer que já sabia
Gotejava em muitas réplicas:
E ela ria
Ela ria
Escorria por meu pescoço
A vida em movimento brusco
Despejava-me ainda moço
Ao sublimar outro maço
E no subliminar precipício
O fim que tanto busco
Eis aqui meu sacrifício
Juntar-me hei
A um pingo no poço




Kate Polladsky
CONTEXTO

Não sou aquela coisa inocente,
Dependente e perfeita
Que morre
Sou aquela coisa displicente,
Decadente,
Que se espreita
E morde


Kate Polladsky

Wednesday, August 06, 2008

Despedida

Melhor que eu me despeça
Que eu me afaste e me aqueça
Melhor só te observar
E te levar na cabeça
Depois para que volte e te ofereça
Alguma coisa nova, tênue
Alguma coisa que não tenhas
Melhor que eu não te peça
Para que tu me esqueças
Pois sei que assim farias
Na falta do que fazer
Dirias
Que não foi a intenção
Mas a falta de alguém
Por perto
E se perder na confusão dos dias
Deu certo
Eu pensava
Que se quebrassem meu coração
Montarias peça por peça
Mas de certo, em pedaços
Não há amor que impeça
A liberdade de te perder
E para que não tenha que ver
Tudo isso de perto
É melhor que eu me despeça


Kate Polladsky
Você que implica
Me explica
Por que fica procurando me encontrar?
Só pra me apresentar à dor
Se situa
Não sei se é tua
Esta flor de Martinica
Nem sei se isso
Ao amor indica
Você é única
Então por que
Arranhar o violão
Com os dedos sujos de tinta
Pára e canta essa canção
Aquele que eu gravei na fita
E até hoje finge que não gosta
Ela é só uma amostra
De quando a vida imita o mágico
E agente senta
Esperando que algo desapareça
Sei que se não fosse mágica
Seria trágico
Então, não me deixe ir
Pra esperança renascer
Eu quero ver você rir
Até que passe o rio
Pelos seus olhos
Pra que eu possa enxugar a margem
Ver quando aquele brilho surge
E se confunde com a miragem
Você que implica
Não sabe que graça teu rosto fica
Quando erra na maquiagem
E assim se irrita
Espalhando todo o batom na cara
Então pára
Pára de dizer bobagem...


Kate Polladsky
As vezes eu me deixo
Sentir o gosto da tua ausência
Me permito a saudade
E o amor primeiro
Pode até ser verdade
Que eu não te escute
Mas veja,
O quanto o silêncio discute
Sem bocas, nem brigas
Resolve tudo, dá todo o sentido
E depois denuncia-nos
Como marginais
Rasgando a noite
De toda a sociedade
Descobrindo um ao outro
E cobrindo um ao outro
No frio, no fio de algodão
As vezes eu me deixo
Simplesmente porque
De você não abro mão
E você diz que não te amo
Pode até ser verdade
Pois sinto que te vivo
E a saudade de antes
Deve vir de minha morte
Passou-me na cara
Que não sei viver
E me pergunto
A que se deve essa autoridade
Mandando-me ao inferno
Deformando meus sentimentos
Desmerecendo minha existência
E você diz que não te amo
Que não sinto saudades
Ou...
Sou eu que não sei viver?
Pode até ser verdade...



Kate Polladsky

Tuesday, August 05, 2008

Céu da pátria nesse instante

Qual é o teu problema?
O quê tu não encontras?
O país é uma afronta
Tem pobre logo em frente
Te aborda e te rouba
Pra garantir o de hoje
O que te importa?
O que tu ganha?
Mas a criatura já deu cria
Seu descanso sequer tem fronha
Por que te espantas?
Por que te espantas?
Empacota mais um
Quanta carne come um tiro?
Manda a conta
Manda a conta
E solta os leões
Deixa correr solto
Pobre do rico que topa
Mostra
A tropa atrás do preto
Tá escurecendo mais cedo
Aqui perto
Com certeza não fui eu
Que to mangando do tempo
Qual é a tua raça?
Qual é a tua praça?
Aqui tu não pisa
No território da massa
De um lado o pão tá fresco
Do outro, largado às traças
Há uma cova no peito
Do desgraçado
Não é erro de cálculo
Não é mácula
Não há corda no pescoço
Dos tiranos
Só gravatas
Vão tirando a minha fé
Vou andando em marcha ré
Arrastando multidões
Assinando mil papéis
Pra soluções em fila dupla
Sustentando os padrões
E desmanchando a construção
Mea culpa?
Estou de corpo presente
Mas põem o corpo de fora
Por acaso é um fantoche?
Quem me representa agora?




Kate Polladsky
PALCO
O emudecer da língua
O canto, o tanto
O tango da menina
A vermelhidão nos cabelos
A vergonha na cara
A recompensa
O aplauso
Pausadamente, o abraço
O plausível, o traço
O método, as cordas
Intuitivamente o som
Das notas, se nota, se anota
Ecoa e se repete
Se conduz ao palco
E se derrete
Se comprime
Se exprime
As mãos apanham
Na pele do pandeiro
E depois se acanham
Preenche com o vazio,
A voz
Em solo, em dueto
O poeta
Envenena com a letra
O cianureto
A musica, a experiência
A responsa, a autoria
É o empírico, é o eu-lírico
Se interpreta, se comenta
Se conserta e em concerto
Se espanta,
Depois se entrega
E se acalenta
Escuta tudo
Impressiona
O prazer do som
Quando fala, ou quando cala
Quando vêem
Em vidro ou em plasma
Tão pasmem
À perfeição
Organismo vivo
O nú sonoro
No palco ao público
Que se aquece ao frio
Na espera, horas a fio
Desfazendo as unhas
Apertando-se entre ombros
Buscando lacunas
Para te alcançar, e te prender
Em olhares, em fotografias
Para que o tempo passe
E naquele momento pense:
Que em dias comuns
Coisas boas acontecem
E estampado para sempre
Não se esquece
Não se esquece



Kate Polladsky

EM FRENTE À TELA DE COLORBAR

Sento-me no sofá clássico
E bebo o café quente
Recosto-me na parede fria
Deixo-me levar pela ventania
Pelas ruas da cidade
Fujo
Eu que finjo francamente
Toda a sinceridade
Do meu coração sujo
Agora é cedo o suficiente
Para que se torne tarde
Da varanda me despenco
Num repente
E flutuo como roupas no varal
Sangro para embebedar-te
Uma forma de entreter-te
Eu, o néctar de um vinhedo
A transbordar no teu graal
Penduro-me entre os galhos
Que nunca crescem, que nunca pesam
Que nunca descem e não padecem
Com seus frutos
Meus passos falhos, minhas tralhas
Deixadas como trilha, para mais um que temo.
Volto só, subindo os andares
Para o lar, limpo de minhas dores
Adormeço com fome, com música
Como de costume
Largada na sala-de-estar
E sonho leve
Matando a sede
Do meu inconsciente
Em frente à tela de colorbar



Kate Polladsky


II Warwick


Kate Polladsky
Your heart is a Ward Hunt
Ice cold land
Where I lay my losses
Where I beg forgiveness
Your capture, your chapter
Yours completely,frozen
A crack in the middle
A nameless feeling
Your heart is a Ward Hunt
It giggles, giggles
At my pain
What a mockery
Such a poverty, love is
Wide and plain
Emptiness filled with void
If you can´t see it, you must plan it
At least to avoid it
To scape or to fight against
Love will yield your ground
The sunlight scratching the iceberg
Will pleade you guilty
And leave you weeping
Until you wake up suddenly
At the lost and founds
My love is a Ward Hunt
For an instant
Maybe a fever
It´s not clever
But, a stunt
Love is nothing
But a Ward Hunt



Kate Polladsky

Monday, August 04, 2008

Hoje não sei o que recai sobre ela
Está tão diferente
Está tão bela
Este cabelo, e os ombros livres de tecido
Tudo se encaixa perfeitamente
Tudo parece único nela
Tão diferente do que tem sido
Hoje não soube como não perceber
A presença, o perfume à distância.
Não sei como não a levei ao jardim
E fiz dela a rosa maior dentre todas elas
Não sei como não a beijei
Não sei, me recordou à infância.
Quando eu via pureza nos lábios
Quando eu ouvia somente a voz
Mas hoje
Não sei o que recai sobre ela
Só sei que caio aos meus pés
Como o rei se debruça ao ás
Como faria um sábio
Está tão bela, tão bela...
Não sei o que há nela

Não sei o que ela traz
Mas seja ela tão linda ou tão bela
Tanto faz...

Kate Polladsky


Algo dentro de mim se confunde, sinto a estranheza, e a frieza de não me reconhecer.
Sinto muito, sinto tristeza, mas sinto que é tudo planejado, é tudo plano é tudo parto.
Eu me conheço, eu me renasço. Eu permaneço e me disfarço. Quando canso, ou quando cantam a canção. Quando sim, aceito um não. E por isso, semente em precipício... Ameaço me jogar para me sentir segura, sem que segure em qualquer pedaço. Algo dentro de mim se consome.
Algas dentro do aquário, roupas dentro do armário. Enquanto me desarmo por qualquer ameaça.
Será desistência? Será inteligência, quiçá a insistência do passado. Tudo que deixei de lado... Ou mesmo engarrafei e arremessei à onda, onde ainda ronda, onde ainda ronda...
Agora me reencontro com a pessoa que procuro, dentro de mim me acho, dentro de mim é escasso de tudo enfim, de tudo...E fim.




Kate Polladsky

Distância...
É o acesso fácil à loucura
Ao passo desmedido
A medida da força
De atração entre os corpos
De saturação de si mesmo
De semelhante significância
Distância...

Kate Polladsky
Te olho nos olhos e você reclama...
Que te olho muito profundamente.
Desculpa,
Tudo que vivi foi muito profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse possibilidade...
De me inventar de novo.
Desculpa...
Desculpa se te olho profundamente, rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Onde ficam seus passos.
Eu não vou separar minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."


Fabrício Carpinejar

Sunday, August 03, 2008

Acesso
Kate Polladsky

E me deixar envolver por seus sarcasmos
Meu coração te reconhecer em espasmos
E me deixar experimentar o teu gosto
Meus dedos subirem em teu rosto
Acordar quando te vires adormecer
Sentir preguiça ao descansar na sua presença
Talvez curar-te em minha dor intensa
Prender meus calafrios em suas cordas vocais
Agitar-te à minha maré mansa
Despejar-te o mar para teus sais
E me render à tua íris
Reduzir-me ao que tu vires
Aparar-te pelas costas
E dar-te uma amostra
De mim
Respirar a poeira das suas palavras
Retirar das ironias as aspas
Emudecer a boca, e aquecer a nuca
Escorrer os cetins pela pele
Revelar-se completamente nua
Idiotizar-me por inteiro
Com amor indecente
E paixão incessante
Com velas sem barcos
Sem jantares e sem luz
Certificar-me de sua vinda
Santificar-me disso ainda
Sem o sinal da cruz
Compreender as suas manhas
Acompanhar as tuas sagas
Guiar-te às cegas
E alimentar tuas entranhas
Estranhar o ambiente
E os ossos salientes
Do teu corpo
Ver-me torpe
E trêmula
No suspiro à superfície
Na sobrevivência
A angústia de tudo
A paciência
Onde me renegas a mim
E relativas o fim
Seja este o mais derradeiro
Seja um fim sem arrodeios
Permeando pelos meios
Negligenciado
Por um derradeiro sim



Kate Polladsky


Good taste
For things
She´s got
If I tasted
Would I like?
Would it shock?
Would I choke?
Good words
For things
She´s got
If I spoke
Would I shut?
Woult it mean?
Would I show?
That she´s got me


KP

Ana
O som que sangra
E cessa a anemia
O solo que segue
A sina O sim
O não
O simples
A opção
De ana
A verdade
A vox
A discrição
A descrição
Ana
De trás
De frente
O reflexo
De ana
Dos anos
No espelho
Na família
Na raiz
Interiorana
De ana
Canta
Pinta
Encosta
A madeira de cordas
No canto
No entanto
Encanta
No momento

Ana


Kate Polladsky
I have a feeling
Strange my feeling
You got me healing
Smiling and dying
Changing by chance
Or just the feeling
Of trying
I have a doubt
A thought and a stone
To build my fortress
To keep you safe
Inside my heart
You, the thought and the flame
I have a feeling
That my love
Evaporates to the ceiling
And makes you believe I burn
I have a feeling
Strange my feeling
It is all wrong.


Kate Polladsky
Lembro que, não quero te esquecer
Você é minha influência e, paciência;
É só o que preciso ter
Não quero te tocar ao longe
Na pele, no rádio, na alma
Não quero, simplesmente espero
Que você se surpreenda
Lamento que as cartas não tenham chegado
Uma descoberta se sustenta em silêncio
E que silêncio você não quebra?
E que nada se sobressaia
Que eu não precise de um sobressalto
Sóbrio amor morto
Que sábio.


Kate Polladsky