Friday, December 29, 2006

Não me reduzo ao que sou
Ao que alguém vê
Ao que resta de você
À doença crítica
Ao por que não fui, ao por que não vou
Não é difícil exclamar a dor
Mas quem vai saber do que estou falando...
Sabe, nenhuma das pedras jogadas voltou
Há aqueles de braços abertos por amor, por dinheiro
Há aqueles de braços fechados por amor ao dinheiro
Eles nem sabem quem são
Nem sabem se são alguma coisa
Se reconhecem como algo
Algo que julgo ser irreconhecível
Apenas coisas desse tipo me atrevo a julgar
O que não reconheço e o que não sei
Pois saber de verdade, nunca se sabe,
Mas dizem que quem acha que sabe,
de fato sabe nada.
Assim, talvez eu julgando o nada, seja
absolvido do que sou
Um irredutível eu.



Kate Polladsky

Wednesday, December 27, 2006

Meu amor não sabe dançar
É mais duro que carne de segunda
Tudo bem, eu também não sei dançar
Agente prefere filme em casa, Troy e Brad Pitt´s bunda
Meu amor evapora depois de alguns dias de uso
E agora como é que vai ficar?
Vou fingir que ainda tô dormindo
Perdi a vontade de acordar
Eu não sei quando agente vai se ver
Na falta do que fazer, vou esperar




Kate Polladsky

Wednesday, December 20, 2006

Fui o que fiz
Fiz o que me mandaram fazer
Fui à zona sul
Fiz uma refeição
Fui cantada
Fiz pouco caso
Fui seguida
Fiz que não vi
Fui embora
Fiz sinal
Fui parada
O que quer? Não fiz nada
Fui pressionada
Fiz o que você não faria
Fui ameaçada
Fiz e fiz bem feito
Fui direta
Fiz o carro esperar
Fui questionada
Fiz que ia entrar
Fui saindo da calçada
Fiz um favor à sociedade
Fui muitas vezes criticada
Fiz com quem fez pagar com a alma
Fui mal interpretada
Fiz um cheque da corrida
Fui descendo a via única
Fiz olhar de indiferença
Fui outra vez abordada
Fiz alguma coisa suspeita
Fui apenas sacar a arma
Fiz que não segurava nada
Fui acertada
Fiz o que pude
Fui morrendo aos poucos
Fiz uma declaração
Uma declaração do que fiz
Foi tudo em vão
E fui declarada morta.
Kate Polladsky

Tuesday, December 19, 2006

Wake up older day after day
Seen things change
Felt myself get life and die
Not once, but twice and so on
Been through fights and won
But I can´t remember if this is actually true
They must have been as important as it seems
All of the time I just wanted to get home
A far and further one
On the corner of my own edge
Could make more efforts than I ever made
But it was an unexisting sensation I´ll never get
This bench is more confortable at night than during the day
Right now I mark another trace here
It will be the last
Journey est finit
Est finit to rest




Kate Polladsky

Sunday, December 17, 2006

Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido - sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente paracriticar porque sente, e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem,nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços quehá ao lado. Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles, nem aceitei nunca a Humanidade. Considerei que Deus, sendo improvável, poderia ser, podendo pois dever ser adorado; mas que a Humanidade, sendo uma mera ideia biológica, e não significando mais que a espécie animal humana, não era mais digna de adoração do que qualquer outra espécie animal. Este culto da Humanidade, com seus ritos de Liberdade eIgualdade, pareceu-me sempre uma revivescência dos cultos antigos, emque animais eram como deuses, ou os deuses tinham cabeças de animais.Assim, não sabendo crer em Deus, e não podendo crer numa soma de animais, fiquei, como outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comummente se chama a Decadência. A Decadência é a perdatotal da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida. Ocoração, se pudesse pensar, pararia. Aquem, como eu, assim, vivendo não sabe ter vida, que resta senão, como a meus poucos pares, a renúncia pormodo e a contemplação por destino? Não sabendo o que é a vida religiosa, nem podendo sabê-lo, porque se não tem fé com a razão; não podendo ter fé na abstracção do homem, nem sabendo mesmo que fazer dela perante nós, ficava-nos, como motivo de ter alma, a contemplação estética da vida. E, assim, alheios à solenidade de todos os mundos, indiferentes ao divino e desprezadores do humano, entregamo-nos futilmente à sensação sem propósito, cultivada num epicurismo subtilizado, como convém aos nossos nervos cerebrais.
F.Pessoa

Saturday, December 16, 2006

Posso provar o teu gosto
Se reprovo, no esboço eu demonstro
Você não vai querer saber do suor
Em papel, em comum, em mim
Encosto o rosto na palma da mão
Da loção sem cheiro de você sim
O exposto, cinto frouxo, o fluxo
o fim e o meio, no meio do fim
Posso te provar por a mais b
e te gostar sem jogo sem precisão
sem noção em arranha céus
nas alturas próximas ao chão
te sinto e não te vejo
te mostro com quantos sim se faz um não
Pensei em seduzir você
entre tais e mais
num olhar estou logo atrás
você faz o que eu tento ser
Estou mudando num instante meu rapaz
De ninguém mais, ou você duvida ainda
Do que já te falei antes?
Kate Polladsky
Enquanto a canção termina
Você desafina e não sabe rimar
Te pergunto por que você me ama
Você não sabe ou não quer explicar
Tô desistindo das notas
É mais simples só escutar
Você tenta o estribilho
Eu não entendo, vou anotar
Enquanto a canção repete
Você me olha sem graça
Não, eu não vou cantar
IIIII Love you Baaaby
Cala a boca meu bem
É melhor eu tentar
I love you baby
I love you more than I
I love you baby
I know and tell you why
I love you because you´re not
who you think you are
You´re better and sweeter
Às vezes o que você é eu não sei cantar
É eu não sei mesmo cantar.
Kate Polladsky

Tuesday, December 12, 2006

Tenho muitos problemas na minha vida
Eu, sou o maior deles.
Os problemas mudam, as soluções mudam
Eu não mudo, nem sei se tenho solução.
É muito fácil ser eu mesma
É simplesmente não ser.
Como eu faço pra ser tão bonita?
Simplesmente não sou
Como eu consigo ser tão estúpida?
Simplesmente, não sou.
Melhor viver com isso
Do que com apenas uma delas.
Seria outro problema na minha vida.
K. Polladsky