Wednesday, December 30, 2009

Eu tenho medo dessa mentira.
Desse jeito de se expor.
Tenho medo desse jogo de personalidade.
E da impessoalidade do nosso amor.

Eu tenho medo do que dizer.
E se não digo, temo que traio.
Tenho medo de estar contigo.
Contido no mesmo estrago.

Eu tenho medo de pensar sobre.
Sobrepor o incerto na realidade.
Medo de quando não vivia
E de não saber até quando viveremos assim
Beirando o fim, e nós pela metade.

Eu tenho medo da sua vez.
Desse talvez que nunca nos situa.
Medo de que também não te entendam
Que a felicidade poderia ser pra todos
Não fosse inaceitável e incompatível.
Embora a vida seja sua.

Eu tenho medo das expecativas
Os sonhos que depositam em nós
E que não nos vejam mais como antes
Sinto que estamos a cada dia mais sós.
Medo de te perder, de desistir.
Mas de continuar e se extinguir.

Eu tenho medo dessa angústia.
Da falta de chão e apoio.
Ir de contra à família
Decepcionar quem nos acolhe
Sentir-se de lado e sem saída.
Medo dessa escolha que nos escolhe.

Eu tenho medo de como estamos
E dos nossos planos pra amanhã
Tenho medo de não me encontrar
Até lá ter perdido demais
Medo da falsidade e intolerância
Pelo que sentimos e somos.
Tão sinceramente nos damos.
Tão injustamente os danos.

Eu tenho medo de mim
Metade apática e resistente
Insegura pendurada no que seja
Quem te vê otimista, articulada e independente.
Conquista nosso espaço que se desfaz
E me completa sempre mais
Ainda que lentamente me deixo levar
E levo a vida sem muito gosto nem gestos
Apenas amarga menos pensar que ficará tudo bem
Porque já não consigo dormir sem te ouvir dizer
'Eu te amo'.
E já não penso em outro alguém
Para quem eu responderia sem medidas
'Eu te amo também'.



Kate Polladsky

Saturday, December 26, 2009

Pega a minha mão e me guia pelo asfalto, a estrada que sempre nos levou além.
Tem todos os gostos, gestos e cantos. Conto que o melhor de tudo ainda vem.
Pisca para mim e me desorienta, tem gente que não viu o que você quer me mostrar.
Mesmo inseguro agarro firme e me perco. Tem encontros que terminam sem nem começar.
E o silêncio alcança teus sentidos, sente entre os dedos escorregar o peso do ar.
Respira fundo e não pensa, não se prende, não deixa que te falte nada para tentar.
Pausa para algum cansaço, segue estreito a distância entre nós.
Usa dos artifícios mais quentes, tantos quantos poderiam esfriar.
Pousa sobre o colo e dorme, a derme macia que ninguém mais terá.


KP

Saturday, December 19, 2009

Errar é útil
Sofrer é chato
Chorar é triste
Sorrir é rápido
Não ver é fácil
Trair é tátil
Olhar é móvel
Falar é mágico
Calar é tático
Desfazer é árduo
Esperar é sábio
Refazer é ótimo
Amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo
Abraçar é quente
Beijar é chama
Pensar é ser humano
Fantasiar também
Nascer é dar partida
Viver é ser alguém
Saudade é despedida
Morrer um dia vem
Mas amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo.




Z.D

Thursday, December 10, 2009

Pôr meus sentimentos em você
Ora como poente, ora como doente de amor.
Posteriormente a tudo que me completava
Você me faz planta
No sufoco respira, cresce e se alastra
Minha felicidade daninha
Danar-se no mundo contigo na mala
E não voltar a este ponto
De partida pra sempre
Amor de verdade e de conto-de-fada.

Pôr meus sentimentos em você
Como você os sente e os centra
Tudo para uma só pessoa
Não mais só, mas tão somente sua.
Livrar-se do porém
Pelo motivo que nos cerca e nos separa
Nos vem servido de desdém e também
De vazio e de nada
Que justifique tanto
O tanto que a gente guarda
E protege pra não levar-se embora
Brotando uma ferida que nunca sara
De saudade sem dia de volta
De revolta pelos votos que fiz
Que me fez e a falta
Que se faz
Por meus sentimentos
Ficarei mais
Simples e complicado
Como quando se acerta na escolha
E a escolha te faz errado
Beirando fim de começo
Meio do fim e passando
Longe de ti mas também ao lado
Tentando tocar em frente
Sem toque de pele ou de campainha
Em toque de retirada que nos tira de linha
E nos costura ou embaraça
Vai tecer com nós
Sobre todos os trizes
E dores atrozes

Pôr meus sentimentos em você
Ora como posso, ora como peço.
E você dando todos os passos de volta
Sem cair onde eu tropeço
Chegando onde escureço
E tomando o seu lugar
Ao sol, o meu inverno.
Me esquenta e recomeça
Já não passo mais os dias
Longe de quem não devo estar.



KP