“Não" é instrumento de legítima defesa.
-Não hoje.
- Não com você.
- Não desse jeito.
Não é não e pronto. E ponto. E prantos! Poxa, eu disse sim.
Dizer "sim" pra quase tudo... Isso não me torna alguém mais positivo.
Mas por vezes me torna autodestrutivo.
Queria que soubesse que a minha vontade era de negar.
É algo mundano e competitivo essa necessidade de agradar, de ser aceito, de que seja desse jeito e não do outro.
- Não quero ir, mas já estou lá.
Negar-se a um “não” é perder autonomia, vender seu livre-arbítrio a preço de banana sem ter sequer adquirido dívidas esmagadoras.
Pratico a ditadura de coisas verbalmente mais longas também, como o “pode ser”. O casamento que deu certo.“Não” é o pé-de-lã. Não é o vilão, e sim a solução. Pelo menos para alguns.
Inexoravelmente sou um ser arrependido por alguns “sim” que dei. Sinto que prostitui o meu “não”. Menos promíscuo teria sido dar um belo “talvez” e jamais ligar no dia seguinte. Fui embora, jamais saberei se engravidei de gêmeos um consentimento. Sim, sim. Gostaria que não fossem meus. Mas se for, eu assumo.
Preciso aprender a dizer “não”, do contrário terei de vender até as calças pra pagar pensão pelos erros que cometi. Digo, pelos “sim” que cometi, não?
Kate Polladsky
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