Friday, May 04, 2007


BRAZUCA-LISTA

O mundo está saturado de mim que está saturada do mundo que não suporta mais ninguém.
Todos os governantes que assobiam e chupam cana, ganham o que a loteria oferece.
Ninguém mereçe.
Os pobres trabalhadores, sim. Os ricos trabalhadores, sim.
Eu sim adormeço vendo o jornal
É que cansa ver tudo como sempre, normal. *vide assassinatos no diário oficial*
Morre um em cada canto do mundo, um para cada milímetro de muro
Um por todos e todos por nenhum.
Justiça é plena, no plenário. Injustiça, justamente.
Aliás, eu penso que quando eu voto, se eu pensar, me arrependo.
Voto de fila furada, drogados, bêbados, infames e indigentes
Voto sequelado, com mal de alzheimer, anestesiado de problemas, com amnésia
De qualquer jeito, me arrependo.
Eu sou o povo que me engana e engana o povo enganado por si mesmo.
Aqui vive o progresso sem ordem, o regresso da desordem o processo que ainda tá em pauta.
Aqui jaz, uma nação progressista, patriota e nacionalista, vendida até de graça.
A razão de ser racista, cotas universitárias em universidades paulistas
Ervas medicinais na lista de ameaçadas de extinção,
mas nem foram descobertas ainda...
Queimaram o que não foi pouco e poucos tomaram o rumo da prisão
O infanto-futuro-cídio. Porque as crianças que morrem de fome são o futuro do pretérito
Que nenhum professor conseguiu ensinar porque o governo nunca passou no vestibular
Cazuza, Raul, Renato, salvaram o mundo como puderam
Depois se foram pro lugar donde vieram
Porque o paraíso é para os bons
E os bons morrem cedo
Pra se livrarem de tudo isso que o povo tem medo
Desse povo que é reeleito, com bandeiras e crachás
Que tapam buracos com chicletes de estudantes
Os estudantes, revolucionários sonhadores de todos os tempos
No fim tudo se resolve...
Deus sempre perdoa, em dezembro as vendas duplicam, no carnaval tudo se sacode
Nova novela da globo bate recorde de ibope e talvez se eu conquistar o brasil, ganhe o Big Brother.
Amanhã é outro dia, que ontem deu de presente e ninguém agradeceu
Mas foi a árvore todinha queimada, não foi só um maçã que apodreceu
Por onde começam os problemas terminam o começo das soluções
Porque ninguém sabe, ninguém viu
Eu só escrevo
Você só lê
E todos só reclamamos
Enquanto assistimos TV.



Kate Polladsky




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