Sunday, January 04, 2009

Como se da vida não me alimentasse
Como se do meu achado me perdesse
Como se me declarasse infame, insone e incompleta
Não adoro homens, deuses, doses de nada e as medidas milimétricas dos erros que ainda hei de cometer. Sou como quando me calo por respeito ao mundo, e me silencio por respeito a mim. Porque sou gritante por respeito ao que faço e ponho fim. Porque sou colo, e sou calo. O peso do corpo e o peso do passo. Cansaço.
Como se me permitisse passar sem filtro
Como se levasse a sujeira que me lava
Não me rendo à impureza de uma perfeição.

Como se eu pudesse esquecer, confundo e me interrogo sobre o que realmente posso e como. Mas não sei digerir algumas das minhas idéias condicionadas. Porque não sei se engulo algumas verdades. Mas como as verdades também, sem fome, sem nada.
E a vida segue subnutrida. Como se de mim dependesse para beber. Como se da minha virtude infértil, tirasse a proteína. Eu não a sustento de carne e ossos. Sustento-a apenas de pretensões e atos indigestos, um tanto meus e de outrem. Como se.




Kate Polladsky



2 comments:

Dona-f said...

perfeito. plac plac plac

Carla P.S. said...

Aceite um café,
gostaria de pensar a respeito também.