Sunday, May 17, 2009

Vou começar com uma incompletude: a arte de ser eu, e eu que não entendo de arte alguma sei que articular solidão pode ser uma atitude e tanto. Outro detalhe: está chovendo. E quando chove, já sabe... Quem está só é que sente, queria que o friozinho na verdade me fizesse quente, passando pelos pêlos da pele e pela espinha dorsal, assim bem de repente. E se chovesse lá fora o que poderia chover aqui dentro, todo líquido dissolvendo matéria, aí sim seria outra estória, mas eu não conheço a sensação de estar completamente desfeita. Apenas em pedaços, ou demasiadamente inteira.
 
Vou continuar com uma verdade verdadeira: quem mente sentimento, lamenta o momento em que se perdeu. Posso até dançar sozinha na chuva, nadar nadar e morrer na praia, mas eu sei exatamente onde deveria estar. Então tá, eu espero mas não minto. Saudade não é nem metade do que realmente sinto. E em dias de chuva meu coração só falta falar, meus dedos quase desabafam na vidraça embaçada, mas e daí? Qual dos teus átomos mais místicos iria ver? E qual timbre mais macio da tua voz perguntaria se eu realmente amo você? That's it, tenho apenas o meu corpo quando o resto de mim já foi doado pro teu endereço em Mônaco.
Por um curto período de tempo acho que já não existo mais.
 
Por isso mesmo vou terminar com um começo: Silêncio. Porque o meu amor é disléxico, dispensa palavras e se adormecesse a qualquer margem de onde você está, sentir-se-ía num berço. Mas aquilo de solidão... Mereço? Continua molhando tudo viu? Nada brota do meu vazio. Deus não é insensível eu sei. Acalma a minha pressa de querer me proteger do frio só com a força do pensamento. Porque tudo quando depende de alguém é lento lento lento. E eu volto à incompletude da coisa... por um momento.
 
 
[Kate Polladsky]


                                   





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3 comments:

Carla P.S. said...

Mas tu, pelo o que vejo, aproveita bem. A começar pela escrita (porque tudo deve virar arte, na minha concepção).
Que chova mais, isso que vai te transformar num mulherão, tu vai vê.
Beijão, e um café.

Tarcísio said...

Vc poderia escrever um livro de poesias ou de outra coisa já que está escrevendo tão bem...
Sobre endereço de Mônaco?
Eu digo: EiN? O.o
Bem qualquer coisa precisando de um amigo =*

Ramon de Alencar said...

...
-Engraçado é que todos nós sentimos as mesmas coisas. Não há tantas diferenças como se imagina ter. Então, por que ainda continuamos todos nos mesmo lugar vendo a chuva se derramando lá fora?