Sinto- me como uma ilha... Dispersa e unitária.
Uma lembrança no mar solitária. À mercê do mapa, para quem olhe, quem aponte, quem se perca por acaso e visite um instante.
As pessoas mudaram, os seus rumos mudaram, seus muros caíram. Eu, não mudo e não caio, viram? Mas vou indo sem que vá a lugar algum, sem que o cenário me surpreenda, sem que o amor me prenda, a ver navios encalharem em suas fendas. Riu como que em desespero o meu coração. Agora espera com frio por habitação e com frieza perante as coisas como são.
Não acordo de bem com o mundo, mas acordo por bem e comigo consigo lidar assim que o mundo cede um pouco por mim. Que sorte é o fato do mundo ceder. Sorte? O quê seria sorte se construo o acaso em cada traço de passo errado que dou? Uma sorte torta, como que construída em linha reta. Assim, simples assim. Sorte vaga, qualquer destino consegue conceber.
De tempos em tempos acontece um eclipse. E então como tal me acobertam de razão. O amor, a vida, até a porta de saída já me traiu várias vezes, a você não? Sei que tenho razão. Uma razão carente de raciocínio, apenas naturalmente é aceita. Não de forma doentia, imposta e exposta como seita. Mas sim, aceita. Ridiculamente “in natura”.
A ilha que me faz é o melhor dos infortúnios. Banhada de águas passadas, longe e unificada, aqui onde todos estão surdos.
Kate Polladsky
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