Friday, October 24, 2008

Ainda tenho esperança.
Mas não espera, não se desespera.
Respira e vai.
Em parte cansa, e inventa causas pra existir.
Ainda tenho muito que pensar.
E na possibilidade de não ser só pensamento.
Alimenta meu corpo frio.
E quase esquenta com um fio de amanhã.
Não sei o que me dói, se não machuca.
Nem tem a intenção.
Devo ser assim, indiferente à dor.
Organismo vivo pintado de azulejo.
Reflete o mundo em que vivo.
É no seu fundo que me vejo.
Meu maior medo.
É que isso não seja triste.
Que seja opcional.
Minha maior angústia.
É a consciência do que me sou.
E de aceitar, de se ter.
E não saber levar.
Deixar que me levem.
Que me escolham.
E que me achem antes.
De eu me encontrar.
Ainda tenho esperança.
De conquistar alguma certeza.
E poder ser flexível, com firmeza.
Que o meu agora, não se estenda.
Além do momento que é.
Para que eu não precise sentir o peso.
Do que poderia ser, do que teria sido.
Sem ser.
E assim sendo, não me respondo.
Porque não me pergunto.
Tenho a coragem da dúvida.
E pagarei as dívidas que fizer.
Com a esperança do ainda.
Do que minha esperança quer.
Decidirá o meu caminho.
Quando eu já não me importar.
Não importa, que passos der.
Que a minha verdade não se renda.
Nem entre pela porta em que sai.
Que o ar da minha esperança
Não se prenda.
Respira.
E vai.



Kate Polladsky

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