Friday, October 24, 2008

O que é que você tem, que me deita tão longe, e me sonha os pensamentos amanhecidos de ontem? Que mal você traz, que faz tão bem, sem toque; mas cura as doenças que o mundo traz? Eu esqueço que te gosto, quando lembro que não gosto de gostar tanto assim. Isso tudo que tu tens, é algo meu que se perdeu, ou algo meu que tomou pra cuidar? O que é que você tem que trafega meu chão e leva meus passos pra casa? Então sento pra te escrever sobre a vida que me vive. E a vida que não tive como viver. O que é que você tem, que me suporta ou me tolera, sei que não há muito o quê entender. O meu vazio você preenche, com uma leveza, talvez, volátil demais. Não permanece nunca e não me deixa. Às vezes pesa e cai. Fica esperando que eu te suspenda com palavras de abraço. Com um quê de sempre amei, e não te magoarei jamais. O que é que você tem que sua voz tem sempre sotaque de saudade, e me envergonha pela metade, não me cala, e me fala tudo como se olhasse nos olhos. Mora em tantos interiores queira, e daqui de dentro de mim, não sai. O que é que você tem, estudada de tantas certezas, que não me tira as dúvidas de nós? Não me esclarece de mim e do que sinto. Se não sinto mais. Se senti a mais. A menos que queira saber, no momento sinto paz por você. Não sinto amor. Que forças tenho pra lutar por isso, que sempre me enfraquece? E quando morre, me escurece. O que você tem, me ilumina e me faz querer enxergar ao redor. Não pode ser amor, o que tem. Tem que ser algo menos significante, e que por isso não me consome tanto. Apenas me convive. E assim consigo viver, levar comigo tudo o que tenho de você. E o que você tem comigo. O que é que você tem amor, além de tudo isso?



Kate Polladsky

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