Monday, October 27, 2008

Sujou os pés de areia e foi seguir mar.
Viu onde tudo terminava, quando começava a encontrar.
E deixou pegadas, poemas, vontades, mentiras e verdades.
Talvez seja a maneira que encontrou de descontinuar.
Sentiu que já não pertencia, desprendeu-se do que a prendia.
E livre de tudo, novamente é.
Lavou os pés na água e foi seguir o mar.
Limpou-se de si, e o céu se abriu.
Ninguém havia visto o que ela viu.
Segurou-se nas pedras e até sorriu.
Talvez se as jogassem pra cima, faria chover.
E o mar inundaria, não afogaria seu sentir.
Sentiu-se desprotegida novamente.
Escondida do mundo, mantida refém.
Ameaçou de amores sua mente.
Sujou-se toda, de partículas de repente.
Fora de si, já esfriam. Por dentro era quente.
Foi bem mais longe do que pensava.
Pensou até que conquistava.
Toda a península por onde andou.
Banhada pelo lençol azul.
Que agora perde cor.
Está empalidecendo o amor.
E todo esse mar, que a tomou.
Amanheceu desacordada.
Na areia descontínua.
Continua a amar, contudo?
Ainda...




Kate Polladsky

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