SACRIFÍCIO
Um pingo do poço
Viu-me tropeçar
E os dedos dos ossos
Não puderam segurar
Meu esboço
Que caía
E ela ria
Ela ria
Diante do riacho
Onde
Marchavam peixes
Tão traíras
Riscando a película
Da água
Em preto fosco
Era macio
Mas eu morria
E não fazia
Nenhum esforço
Despia-me
Da pelagem viva
Que me continha
Sem descompasso
Nem alvoroço
Embaraçava
Minhas pernas bambas
Nos contornos daquele dia
Salivava pelas beiras
Ao dizer que já sabia
Gotejava em muitas réplicas:
E ela ria
Ela ria
Escorria por meu pescoço
A vida em movimento brusco
Despejava-me ainda moço
Ao sublimar outro maço
E no subliminar precipício
O fim que tanto busco
Eis aqui meu sacrifício
Juntar-me hei
A um pingo no poço
Kate Polladsky
Thursday, August 07, 2008
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