Tuesday, August 05, 2008

Céu da pátria nesse instante

Qual é o teu problema?
O quê tu não encontras?
O país é uma afronta
Tem pobre logo em frente
Te aborda e te rouba
Pra garantir o de hoje
O que te importa?
O que tu ganha?
Mas a criatura já deu cria
Seu descanso sequer tem fronha
Por que te espantas?
Por que te espantas?
Empacota mais um
Quanta carne come um tiro?
Manda a conta
Manda a conta
E solta os leões
Deixa correr solto
Pobre do rico que topa
Mostra
A tropa atrás do preto
Tá escurecendo mais cedo
Aqui perto
Com certeza não fui eu
Que to mangando do tempo
Qual é a tua raça?
Qual é a tua praça?
Aqui tu não pisa
No território da massa
De um lado o pão tá fresco
Do outro, largado às traças
Há uma cova no peito
Do desgraçado
Não é erro de cálculo
Não é mácula
Não há corda no pescoço
Dos tiranos
Só gravatas
Vão tirando a minha fé
Vou andando em marcha ré
Arrastando multidões
Assinando mil papéis
Pra soluções em fila dupla
Sustentando os padrões
E desmanchando a construção
Mea culpa?
Estou de corpo presente
Mas põem o corpo de fora
Por acaso é um fantoche?
Quem me representa agora?




Kate Polladsky

No comments: