Sunday, August 03, 2008


E me deixar envolver por seus sarcasmos
Meu coração te reconhecer em espasmos
E me deixar experimentar o teu gosto
Meus dedos subirem em teu rosto
Acordar quando te vires adormecer
Sentir preguiça ao descansar na sua presença
Talvez curar-te em minha dor intensa
Prender meus calafrios em suas cordas vocais
Agitar-te à minha maré mansa
Despejar-te o mar para teus sais
E me render à tua íris
Reduzir-me ao que tu vires
Aparar-te pelas costas
E dar-te uma amostra
De mim
Respirar a poeira das suas palavras
Retirar das ironias as aspas
Emudecer a boca, e aquecer a nuca
Escorrer os cetins pela pele
Revelar-se completamente nua
Idiotizar-me por inteiro
Com amor indecente
E paixão incessante
Com velas sem barcos
Sem jantares e sem luz
Certificar-me de sua vinda
Santificar-me disso ainda
Sem o sinal da cruz
Compreender as suas manhas
Acompanhar as tuas sagas
Guiar-te às cegas
E alimentar tuas entranhas
Estranhar o ambiente
E os ossos salientes
Do teu corpo
Ver-me torpe
E trêmula
No suspiro à superfície
Na sobrevivência
A angústia de tudo
A paciência
Onde me renegas a mim
E relativas o fim
Seja este o mais derradeiro
Seja um fim sem arrodeios
Permeando pelos meios
Negligenciado
Por um derradeiro sim



Kate Polladsky


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