Tuesday, August 05, 2008

PALCO
O emudecer da língua
O canto, o tanto
O tango da menina
A vermelhidão nos cabelos
A vergonha na cara
A recompensa
O aplauso
Pausadamente, o abraço
O plausível, o traço
O método, as cordas
Intuitivamente o som
Das notas, se nota, se anota
Ecoa e se repete
Se conduz ao palco
E se derrete
Se comprime
Se exprime
As mãos apanham
Na pele do pandeiro
E depois se acanham
Preenche com o vazio,
A voz
Em solo, em dueto
O poeta
Envenena com a letra
O cianureto
A musica, a experiência
A responsa, a autoria
É o empírico, é o eu-lírico
Se interpreta, se comenta
Se conserta e em concerto
Se espanta,
Depois se entrega
E se acalenta
Escuta tudo
Impressiona
O prazer do som
Quando fala, ou quando cala
Quando vêem
Em vidro ou em plasma
Tão pasmem
À perfeição
Organismo vivo
O nú sonoro
No palco ao público
Que se aquece ao frio
Na espera, horas a fio
Desfazendo as unhas
Apertando-se entre ombros
Buscando lacunas
Para te alcançar, e te prender
Em olhares, em fotografias
Para que o tempo passe
E naquele momento pense:
Que em dias comuns
Coisas boas acontecem
E estampado para sempre
Não se esquece
Não se esquece



Kate Polladsky

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