Sunday, November 02, 2008

Meu poema pra você não tem mais repertório e o som é eternamente um dom de se ouvir o nada. Minha vontade de te dizer ou desdizer, passou.
Não preciso mais da cultura nem das palavras, o que eu quero de você é coisa calada e quente. Deveria ter lhe dado um beijo na boca, quando o tempo estava a meu favor, teria deixado a minha cor pra formar de vez o arco- íris. A essa hora, haveria um filme curto, em câmera lenta, passando na minha cabeça, nele colocaria legenda alguma. O que quer que eu fizesse do beijo, ficaria subentendido e jamais traduziria para outra língua.
Meu poema não tem graça, mas tem gosto. E tem gotas que pingam lentas, apenas quando chovo, quando me molha a alma e o meu coração lubrificado, suporta mais uma batida e escapa da morte.
Tudo o que escrevo é imaginação. E se um amor contraditório como o meu sobreviver, o que contará para as próximas gerações? Histórias para dormir. A canção do sono e a oração das horas noturnas. Abençoe somente o meu desejo, que é mais fácil de lidar. É mais perto, é de pele. Esqueça sentimento, não vai querer lembrar de mim quando eu lhe disser que te amo todos os dias.
Meu poema tem uma alma desestruturada mas costura algumas rimas, porque rima me lembra beleza, a sonoridade suave e lógica. Me lembra você.
O seu rosto quando se desfaz todo na minha mente, mistura-se com os pensamentos e vira nó.
Verá que nós não cumpriremos missão nenhuma. Nada se tornará acontecimento.
Não sei o que te mostrar com meu poema. Seu rosto virou a paisagem e o ponto de referência. E eu quero ser apenas visitante. Se tu tens uma cidade fantasma escondida na minha morada, já lhes digo que não me assusta. Nada desse tudo, tem significado. Mas tem criação.
No que eu queria pôr a perder, inclui provocar-te um impulso incontrolável de me ter. Que minha ausência agredisse, que sua libido agradecesse. Que algo de mim agradasse e seu destino grudasse no meu.
Meu poema nasceu perdido e já com saudades. Ele pede que releve. Poema sem classe, sem versos de maldade, sem mentiras, sem verdades. Que depende de ti, pra ser mudado, pra ser medido e ser tocado. Jamais trocado por outro.
Kate Polladsky

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