Monday, September 29, 2008

Já tinha chegado de lugar nenhum. De um sentimento perdido perpetuando perda. Ser inanimado, amor. Já nem gosto tanto de você, já nem te esqueço, já morro de saudade, já morro cansada de ir e vir entre seres. Um ser eu, um ser tu. Tudo eu invento, nada crio? Nada nasce em mim de raízes. Embora seja eu o lírio dos teus olhos. Embora seja você a borboleta que eu escolhi como liberdade pra ter. Te tenho? Te solto? Até vejo beleza em tudo. Mas sofro. É um tanto decadente que tenho tudo e não tenho nada. Tenho uma dúvida certa. A minha certeza sempre duvida. Não sei se de mim, ou de você. É algo que vem de dentro. Aflora e murcha. Mas não morre. Às vezes acorda, como de um sonho ruim. Às vezes dorme, como que de tédio. Não sei bem, se espero demais, se espero ter mais. Há dias em que sou indiferente à espera. Acho tudo tão fugaz. Mas são esperas diferentes, são dias iguais. Acabei voltando à minha natureza por você. Já tinha chegado a acreditar, que não me esperaria nascer lírio novamente, nem que borboletas voassem pra mim. Quase me preenche ou me engana com caberes, e já nem acho tão vazio assim.

Kate Polladsky

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