Monday, September 01, 2008

Passas

Não sei se quero que me toque
Que me troque por outras
Não sei se minha sinfonia soa de acordo
Se eu vento num sopro
E se você se arrepia
Não sei de tantas coisas, quem diria
Diria que você tem mesmo muita sorte em me ter
Sem que me proteja desse você
Que me arranha e me acanha
Me representa as faces e facas nas entranhas
Medo de te perder. Só isso
E só risco o fósforo, para me aquecer no esquecimento
Sem sacrifício.
Meu amanhã nunca nasce de parto normal
Tua avenida nunca cruza a minha rua principal
Mas isso não desfaz a nossa natureza de caminhos
Que parecem indiferentes, diferentes ninhos
Onde vou pousar
A minha mão, a minha calma
Repousar e recompor a alma
Você sabe mesmo ser o estilhaço
Que me fere e ao mesmo tempo me segura o sangue
Não sei se quero esse toque de morte
Na nossa ida
Você sabe ser forte quando sou eu a ferida?
Vai me entregar de bandeja sem que me derrube as taças?
Vai me deixar de canto, num ensaio de traças?
Ou vai me traçar em ser que sou, meu e teu
Destroçar o ser que fui antes que chegasse
Arrombando-me portas, janelas, vidraças
Dessa vida aqui, não sei
Tu ficas, ou passas?




Kate Polladsky

No comments: