Sunday, September 07, 2008

Muitos

Vai sair de mim então
Os muitos que são o que sou?
Vai sumir com a verdade
Trancar-se sem grade
Apenas a serenidade
Que muitos dizem que sou?
Vai sobretudo tentar
Ser sóbrio, não ser só e sem sentido
Ser servido da natureza imprópria
Que muitos se apropriam tão bem
Eu não a quero, mas se a tenho?
Vai sair de mim então?
Os muitos que são o que sou.
Eu acho que arranco
Mas não retiro
Não é célula ruim o que sinto
Mas virou metástase
É fase de empecilho
Muitos tantos pela metade
Correndo frouxo sem direção vou
Desconhecendo-me em água corrente
Até que o muito leve à exaustão
Muitos mesmo que são
Soou como o que sou
Exatamente.


Kate Polladsky

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